O ano de 2008 foi marcado por datas bastante significativas para a história do Brasil, para a sua cultura e seu povo. Recordou-se a chegada da família real ao Brasil, em 1808, os centenários da morte de Machado de Assis, da imigração japonesa e do aniversário da Arquidiocese de São Paulo. Neste ano, o ano de 1968, foi recordado e os 40 anos da instalação do AI-5 (Ato Institucional) fomentou inúmeros debates e reflexões por todo o Brasil, quanto ao cerceamento vivido àquela época e ao que se espera por democracia e direitos individuais de cada cidadão. Em 2008, comemorou-se também, 40 anos da Conferência de Medellín, 25 anos da Diocese de São José dos Campos, e ainda, 20 anos da Constituição brasileira e do surgimento das Cebs na Diocese de São José.
Para comemorar os 20 anos de caminhada das Cebs, a diocese reuniu no dia 30 de novembro, às 8h da manhã, na Igreja Matriz de São Vicente, suas seis regiões pastorais: Igaratá, Jacareí, Monteiro Lobato, Paraíbuna, Santa Branca e São José dos Campos. De lá o povo partiu em romaria até a Comunidade São João Batista, no Jardim Santa Inês 2 onde foi acolhido pela Sinfônica Monteiro Lobato. Após partilhar o café-da-manhã houve um momento de formação, com o assessor diocesano das Cebs, padre Ronildo Aparecido Rosa.
Em seguida, os cerca de 700 participantes reuniram-se em torno do Pão e da Palavra de Deus. Na hora do almoço observa-se a prática da responsabilidade ambiental, de cada um diante de um cenário tão crítico para a sociedade pós-moderna: a devastação do meio ambiente. Nas reuniões das Cebs, procura-se criar a cultura, de que cada participante traga consigo seu prato, copo e talheres; um modo de minimizar os resíduos plásticos. Há ainda a confecção e distribuição de sabões caseiros, feitos à base de restos de óleo de cozinha.
Para recepcionar a multidão, a paróquia São Vicente de Paula, formada por suas 22 comunidades mobilizou mais de 50 pessoas nos diversos trabalhos, “um evento dessa proporção motiva os visitantes a continuarem comprometidos e os que acolhem são animados a enfrentarem os desafios”, afirmou padre Célio Antônio de Almeida, à frente da paróquia.
“Nós somos solidários com a caminhada das Comunidades Eclesiais de Base. Sabemos que é difícil, mas os incentivamos para que continuem o trabalho”, e continua “segundo pesquisa realizada como parte da programação do Sínodo diocesano em curso, as comunidades pedem mais compromisso da Igreja em favor dos pobres”, disse padre Célio, que junto às comunidades fundou uma cooperativa, hoje modelo na reciclagem, cultivo de hortaliças e assistência básica à população mais necessitada.
Nas décadas de 50 e 60 no Brasil, as Cebs eram chamadas de Comunidades Cristãs de Base, até que em 1968, portanto, há 40 anos, recebeu o nome de Comunidades Eclesiais de Base, sendo o “primeiro e fundamental núcleo eclesial, que deve, em seu próprio nível, responsabilizar-se pela riqueza e expansão da fé, como também pelo culto que é sua expressão. É ela, portanto, célula inicial de estruturação eclesial e foco de evangelização e atualmente fator primordial de promoção humana e desenvolvimento” (Medellín).
Promover a vida e lutar por sua dignidade é o compromisso das Cebs, que se confirmou em Puebla, em 1979, quando muitos dos países latino-americanos passavam por ditaduras. As comunidades eclesiais tornaram-se espaços de debates, diálogo, vida e encontro entre irmãos e irmãs. “As comunidades eclesiais de base que em 1968 eram apenas uma experiência incipiente amadureceram e multiplicaram-se sobretudo em alguns países. Em comunhão com seus bispos e como o pedia Medellín, converteram-se em centros de evangelização e em motores de libertação e de desenvolvimento” (Puebla) .
Na década de 80, as Cebs são vistas, como “um novo modo de ser Igreja”, e que ao redor dela nasceriam as ações pastorais e evangelizadoras. E de fato é o que se vê: um povo que se reúne para dialogar e viver em torno da Palavra, que age à luz do Evangelho, defendendo a vida, a juventude, o idoso, a mulher, a mãe natureza, a criança, todos aqueles que estão à margem da sociedade.
Quanto ao futuro das Cebs na Diocese de São José dos Campos e do Brasil, não resta duvida: o trem não pode parar: “as Cebs estão no rumo certo e não podem desanimar não, apesar das dificuldades elas devem continuar”, afirma Graça Maria, da cidade de Jacareí – Comunidade Nossa Sra. do Paraíso, que há 15 anos participa da caminhada.
Olà,
Bravo!
Li seu texto que apreciei muito. É uma maneira substancial para ilustrar a vida das Comunidades na base. Achei interessante que o catalagou no campo da ecologia e religiao (polìtica). É uma indicaçao sàbia. O futuro da religiao passa pelo resgate e a comunhao com o ambiente terrestre, pois nao da para bonificar a mulher e o homem sem seu “habitat”.
Valeu,
JR.
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