Comparo a “minha” igreja católica, como um grande partido político e me desculpem meus amigos padres, religiosos e religiosas, pela falta de teoria baseada em nossos grandes teólogos, mas preciso esclarecer alguns pontos a todos aqueles e aquelas que insitem em julgar a Igreja católica Apostólica Romana, como uma Instituição acéfala e de apenas um ponto de vista, uma visão de mundo.
A Igreja constituída como tal, a mais de 2 mil anos possui pessoas de várias origens, culturas e percepções do que é ser cristão e de como ele deve agir e onde atuar na sociedade: “alguém que faz parte de uma pastoral comprometida com lutas sociais, como a Comissão da Pastoral da Terra (CPT) tem uma prática e opções diferentes de um membro de Opus Dei”, como afirma o estudioso Luiz Alberto Gómes de Souza, em seu artigo: As várias faces da Igreja Católica, publicado no Scielo.
Luiz tem muito mais propriedade do que eu para falar destas diferenças, que me parecem ser desconhecida pelos grandes meios de comunicação e consequentemente, pela população brasileira, que culturalmente se julga católica, mas mal sabe que “o tal” código canônico utilizado pelos bispos, em especial o reficense dom Dimas Lara Barbosa, não passa por uma reforma há muitos anos, e conta com a interpretação de cada, que o utiliza.
Sou a favor do aborto para os casos de risco de morte para a mãe, e quando a gravidez é fruto de uma violência brutal, assim como prevê a lei brasileura. Acredito ainda, que cada caso deve ser estudado pela justiça brasileira e não pela Igreja, uma vez que estamos num estado laico, constituído por cidadãos de várias religiões e ateus.
Isso não impede, todavia, da Igreja através de suas vozes se colocar diante dos fatos, se opondo ao que julgar incorreto e apoiando aquilo que lhe convir, ou não estamos num Estado democrático?
Uma das vozes da Igreja se coloca ao lado da equipe médica que realizou o aborto, abaixo segue a posição da direção Nacional do CEBI – Centro de Estudos Bíblicos.
CEBI divulga nota sobre caso da menina de Recife
Segunda-feira, 9 de março de 2009 – 7h43min
por CEBI
Escolhe, pois a vida! Violência contra mulheres e crianças e excomunhão.
A Direção Nacional do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI) manifesta-se solidária com a mãe, os médicos e demais pessoas envolvidas na interrupção da gravidez de uma menina de 9 anos, que foram excomungados da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) pelo arcebispo de Olinda e Recife, D. José Sobrinho.
A intervenção médica, neste caso, está duplamente amparada pela legislação brasileira: além da situação de estupro pelo padrasto, a criança corria risco de danos irreparáveis à saúde e até mesmo de morte.
A interrupção da gravidez foi uma decisão tomada para uma situação extraordinária, e, portanto, foi uma escolha inquestionável a favor da vida. Nesse sentido, vale lembrar as palavras de Jesus ao ensinar que as instituições existem para as pessoas e não o contrário. Jesus sempre lembra de que “a pessoa não foi feita para o sábado, mas o sábado para a pessoa” (Mc 2,27).
A igreja, como disse o bispo “não pode trair o princípio de defender a vida desde o seu início até o seu fim”. Neste caso, todas aquelas pessoas que defenderam a menina de 9 anos, realizando o procedimento cirúrgico, mantiveram-se fiéis a este princípio, oferecendo-lhe a oportunidade de continuar sendo criança e de buscar refazer a sua vida tão brutalmente atingida por uma pessoa de sua convivência íntima.
O CEBI entende também que, ao dar acento para o ato unilateral da excomunhão, esvazia-se a verdadeira questão que o caso da menina revela: que a violência masculina intrafamiliar continua a vitimar milhões de mulheres e crianças todos os dias neste país.
Este aliás é o tema da CF-2009 da ICAR neste ano! É contra esta violência, que aniquila a vida e a dignidade femininas, que se devem levantar as vozes e ser tomadas as medidas necessárias para seu combate, tanto pelo poder público como por toda a sociedade e sua mídia e, inclusive, as igrejas.
“Escolhe, pois, a vida” (Dt 30,19). E viverás….
São Leopoldo, 8 de março de 2009
Ola!
Quero saudar seu posicionamento. Muita coragem de tua parte…
Tenho uma pergunta sobre:
“que me parecem ser desconhecida pelos grandes meios de comunicação…”
A midia desconhece ou escolhe ou opta?
Pensava que eram linhas editoriais que permitem criticar…
Valeu,
JR.
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Olá Jean
Creio que as duas coisas…os grandes meios de comunicação obviamente tem acesso à pluralidade de vozes da Igreja e decidem pelo lado que estarão, segundo seus interesses das mais diversas ordens, contudo, acredito que por ignorância mesmo, tal fato é reproduzido por jornalistas e formadores de opinião sem responsabilidade alguma de pesquisa prévia, ou mesmo de chegar à algo fora do já trivial: “meter o pau na Igreja”. É mais fácil, comodo e não se corre risco…
obrigada por sua leitura Jean!
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merci.
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