O amor persiste, além das grades em Franco da Rocha

O último sábado (29/08) foi saudado com um sol bonito e quente, um céu azul, azul…um belo dia para celebrar a vida, a liberdade e de fato eu a celebrei.

No mesmo dia, às 7h30 estou à caminho de Franco da Rocha, mais especificamente ao presídio Nilton Silva, o P2. Acompanho a Pastoral Carcerária Padre Macedo, que tem uma missão especial. Orientar os presos que estão buscando o matrimônio.

Karla Maria | Os 13 casais na Penitenciária Nilton Silva, Franco da Rocha
Karla Maria | Os 13 casais na Penitenciária Nilton Silva, Franco da Rocha

Para a realização do casamento, a pastoral conta com o apoio do diretor da Penitenciária, senhor Adevaldo Pereira de Souza e todos os funcionários, que vêm a iniciativa da Pastoral como um incentivo à ressocialização do preso. “Com a possibilidade do casamento, eles passam a se cuidar, o comportamento melhora muito e eles ficam mais tranqüilos, porque sabem que alguém os espera lá fora”, afirmou um dos coordenadores de disciplina, João Braga.

Às 9h da manhã o portão do P2 já abrigava as noivas, 13 mulheres ansiosas aguardavam o momento de reencontrar seus noivos. Juntos acompanharam a palestra assessorada pelo casal Nery e Nadir Oliveira, casados há mais de 30 anos, membro da Pastoral Familiar da Arquidiocese de São Paulo. Durante a palestra Nery falou da importância do perdão na convivência e na construção de um lar.

Às 12h a palestra foi encerrada e foi servido um lanche, com pão quentinho feito na padaria do presídio. Neste intervalo as histórias de amor surgiram.  Elisangela da Silva Santos tem 27 anos e Reinaldo Machado Bueno, 26. Se conheceram no centro da cidade de São Paulo há nove anos, enquanto Reinaldo morava na antiga FEBEM – Fundação Estadual do Bem Estar do Menor. Hoje o casal tem quatro filhos Gabriel, Daniel, Samuel e Mayara e contam com a ajuda da Pastoral Carcerária para oficializar a união.

foto: Karla Maria | Reinaldo e Elisângela
foto: Karla Maria | Reinaldo e Elisângela

Reinaldo afirma que quer casar para provar seu amor e começar uma nova vida com Elisangela. Quando questionado porque estava preso ele respondeu de cabeça baixa: “a situação estava extrema e pra poder ajudar em casa eu roubei, mas agora eu to pagando, Graças a Deus”, afirmou o reeducando que está preso há dois anos e cinco meses e se diz esquecido pelo estado. “Se não é a pastoral carcerária vim aí, a gente fica esquecido, como um leão dentro da jaula e é muito desumano”, afirma Reinaldo, que tem ainda 2 anos e meio pela frente de pena a cumprir.

Após o intervalo, uma pausa para dúvidas sobre a cerimônia que ainda não tem data marcada. Para o Casamento Coletivo no Presídio Nilton da Silva, estão cadastrados 79 casais, que serão acompanhados pela pastoral.

A Pastoral Carcerária Padre Macedo, criada em 12 de julho de 2008 faz visitas quinzenais aos presídios de Franco da Rocha e prioriza quatro linhas de trabalho: a evangelização, o diálogo com a sociedade, a promoção da cidadania e a Justiça, buscando a recuperação e o exercício de valores morais, pessoais, coletivos e sociais.

O trabalho da pastoral busca resgatar a dignidade daqueles que por vezes, de fato estão esquecidos por familiares, amigos e pelo Estado. O trabalho não é defender o preso, é  acolher, ouvir, respeitar e lutar para que estes homens/mulheres, que estão pagando seus erros, tenham uma segunda chance perante à sociedade. Sem dignidade e respeito, ninguém consegue se levantar e recomeçar.

Eu recomecei, de novo e mais uma vez. Faço questão da redundância. O portão do Nilton Silva se fechou, ouvi a tranca. Respirei fundo. Eram 13h30, o sol não ofuscou meus olhos, ele me saudou com o calor da vida, da liberdade.

Dom Pedro Casaldáliga

Entrevista feita por Nilton Viana do Brasil de Fato

Nesta entrevista ao Brasil de Fato, Casaldáliga fala do “absurdo criminal de constituir a sociedade em duas sociedades de fato: a oligarquia privilegiada, intocável, e todo o imenso resto de humanidade jogada à fome, ao sem-sentido, à violência enlouquecida”. Defende que, hoje, só a participação ativa, pioneira, de movimentos sociais pode retificar o rumo de uma política de privilégio para uns poucos e de exclusão para a desesperada maioria. E adverte: o latifúndio continua a ser um pecado estrutural no Brasil e em toda Nossa América.

Brasil de Fato – Como o senhor tem visto a devastadora crise que já afeta todos os países e principalmente a classe trabalhadora?

Pedro+CasaldáligaDom Pedro Casaldáliga – Com muita indignação e revolta; com uma sensação de impotência e ao mesmo tempo a vontade radical de denunciar e combater os grandes causadores dessa crise. Esquecemos fácil demais que a crise fundamentalmente é provocada pelo capitalismo neoliberal. Irrita ver governantes e toda a oligarquia justificando que as economias nacionais devam servir ao capital financeiro. Os pobres devem salvar economicamente os ricos. Os bancos substituem a mesa da família, as carteiras da escola, os equipamentos dos hospitais…
Eu estava comentando ontem [19 de dezembro] com uns companheiros de missão que a avalanche de demissões acabará justificando uma avalanche de assaltos, por desespero. Está crescendo cada dia mais o absurdo criminal de constituir a sociedade em duas sociedades de fato: a oligarquia privilegiada, intocável, e todo o imenso resto de humanidade jogada à fome, ao sem-sentido, à violência enlouquecida. Fecham-se as empresas, quando não conseguem um lucro voraz, e se fecha o futuro de um trabalho digno, de uma sociedade verdadeiramente humana.

Como o senhor analisa o papel dos movimentos sociais frente à atual conjuntura?

Casaldáliga – Já faz um bom tempo que, sobretudo no Terceiro Mundo (concretamente no nosso Brasil, na Nossa América), se vem proclamando por cientistas sociais e dirigentes populares que hoje só a participação ativa, pioneira, de movimentos sociais pode retificar o rumo de uma política de privilégio para uns poucos e de exclusão para a desesperada maioria. Os partidos e os sindicatos têm ainda sua vez; devem conservá-la ou reivindicá-la. Sindicato e partido são mediações políticas indispensáveis; mas o movimento social organizado, presente no dia-a-dia do povo, é sempre mais urgente, como uma espécie de “vanguarda coletiva”.

Diante deste cenário, na sua avaliação, quais são as alternativas para os pobres do mundo hoje?

Casaldáliga – A alternativa é acreditar mesmo que “Outro Mundo é Possível” e se entregar individualmente e em comunidade ou grupo solidário e ir fazendo real esse “mundo possível”. O capitalismo neoliberal é raiz dessa crise e somente há um caminho para a justiça e a paz reinarem no mundo: socializar as estruturas contestando de fato a desigualdade socioeconômica, a absolutização da propriedade e a própria existência de um Primeiro Mundo e um Terceiro Mundo, para ir construindo um só Mundo, igualitário e plural. Com freqüência respondo a jornalistas e amizades do Primeiro Mundo que somente a construção de um mundo só (e não dois ou três ou quatro) poderá salvar a humanidade. É utopia, uma utopia “necessária como o pão de cada dia”. Onde não há utopia não há futuro.

No próximo mês de janeiro o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) completa 25 anos. O senhor, como incansável defensor dos camponeses pobres e inspirador do movimento, vê hoje a luta pela terra de que maneira?

Casaldáliga – O MST completa, então, seus 25 anos de luta, de enxada, de poesia, de profecia ao pé da estrada e da rua. Segundo muitos analistas o MST está sendo o movimento popular melhor organizado e mais eficaz “de fato”. Sabe muito bem o MST que “a terra é mais que terra”, e por isso está se volcando, pertinaz, esperançado, na conquista comunitária da terra, na educação de qualidade, na saúde para todos, numa atitude permanente de solidariedade, em colaboração gratuita e fraterna com todos os outros movimentos populares.

Que mensagem o senhor diria hoje para os milhares de trabalhadores e militantes do MST espalhados por todo o país?

Casadáliga – Os 25 anos do MST são uma data a celebrar, dando graças ao povo da terra e ao Deus da terra e da vida, reafirmando os princípios que norteiam o objetivo e a prática do MST. Recordando a palavra de Jesus de Nazaré: “não podeis servir a Deus e ao dinheiro”; não podeis servir ao latifúndio e à reforma agrária. O latifúndio continua a ser um pecado estrutural no Brasil e em toda Nossa América.

O senhor tem dito que “Para um socialismo novo, a utopia continua”. Quais devem ser os caminhos (ou o caminho) para seguirmos na construção desse socialismo novo e garantir sempre que a utopia continue?

Casaldáliga – Que o MST continue a ser um abanderado desse “socialismo novo” e de uma verdadeira reforma agrária e agrícola, inserido na Via Campesina, na procura e no feitio de uma nova América. Que mantenha viva e produtiva de esperança a memória dos nossos mártires, sangue fecundo, os melhores companheiros e companheiras da caminhada. Que siga entrando, plantando, cantando, contestando, com aquela esperança que não falha porque tem inclusive a garantia do Deus da Terra, da Vida, do Amor.

Colegiada das CEBs de São Paulo se reúne e recebe a visita de dom Odilo

A Colegiada das CEBS – Comunidades Eclesiais de Base do estado de São Paulo, esteve reunida no Centro Pastoral Santa Fé – Anhanguera, nos dias 22 e 23 de agosto para avaliar o 12° Intereclesial, realizao em Porto Velho-RO, de 21 a 25 de julho.

Karla Maria | Colegiada das CEBs - SP1
Karla Maria | Colegiada das CEBs - SP1

O encontro reuniu representantes das oito sub-regiões que agregam as 43 dioceses do estado. Acompanhados por dom Maurício Grotto de Camargo, arcebispo de Botucatu, além da avaliação do Intereclesial, os representantes avaliaram a participação do estado no encontro e traçaram calendário e projetos das comunidades de base a partir dos compromissos traçados em Porto Velho.

Com a assessoria do padre Aécio Cordeiro da Silva, pároco na Região Episcopal Brasilândia, foi feita uma análise de conjuntura e resgate da memória das lutas das CEBs na Arquidiocese de São Paulo (SP1).

Karla Maria | dom Odilo, arcebispo de São Paulo
Karla Maria | dom Odilo, arcebispo de São Paulo

No domingo pela manhã, dom Odilo Pedro Sherer, arcebispo de São Paulo, se reuniu à colegiada das CEBs e deixou seu recado. “Eu espero que as CEBs estejam bem vivas, bem ligadas às comunidades paroquiais para poderem manter a sua motivação eclesial e receberem também os impulsos que vem da Igreja e possam traduzr na sua prática e na sua vida. Suscitem novas e mais comunidades”, afirmou o arcebispo, que questionou à colegiada quais os rumos e projetos das CEBs.

Em resposta os representantes destacaram a necessidade de repensar a pastoral urbana, fortalecer a Missão Continental e os grupos de rua, motivar a formação nas comunidades eclesiais, assumir o Grito dos Excluídos, a Romaria da Terra e da Água, estar presente com as pastorais sociais e ser Igreja na sociedade para construir o Reino de Deus.

“As CEBs tem esta característica de estar com o pé fincado na realidade local próxima da vida do povo, nós temos nas nossas cidades, uma série de questões e há enormes possibilidades de atuação e envolvimento, é preciso se unir aos demais organismos, sejam católicos ou não, para mudar as situações de desrespeito à dignidade humana”, afirmou dom Odilo ao se despedir.

A Colegiada estadual das CEBs também se mostrou indignada quanto à atual situação política do país. “Estamos indignados com a postura do Senado Federal e por isso estamos intensificando a coleta de assinaturas para a Campanha Ficha Limpa. Queremos que este projeto de lei funcione já nas próximas eleições. O que estamos vivendo é uma vergonha e falta de ética, afirmou Liz Maria Marques, representante da Região Belém na Arquidiocese de São Paulo.

A Colegiada das CEBs se reúne quatro vezes ao ano e é composta por cerca de 32 representantes de cada uma das sub-regiões (Aparecida, Botucatu, Campinas, RP1, RP2, SP1, SP2 e Sorocaba.

Mais um Silva é morto no Real life: a Fazenda

Quem serão os criminosos: o MST – Movimento dos Sem Terra ou a Brigada Militar? Talvez o Ministério Público gaúcho já tenha a resposta….

bandeira RS
foto: Karla Maria

Elton Brum da silva, 44 anos, mais um sem-terra. Foi morto nesta manhã (21 de agosto), enquanto a Brigada Militar – BM fazia a remoção de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST da Fazenda Southall, em São Gabriel – RS.

Segundo o Hospital Santa Casa de Misricórdia, para onde foi levado às 9h40, o rapaz foi atingido no tórax, com um disparo de arma de fogo. O tenente-coronel da BM Flávio Lopes, que participa da ação em São Gabriel, afirmou que 14 pessoas ficaram feridas, entre sem-terra e policiais militares.

A ocupação da Fazenda Southall em São Gabriel (RS), realizada no dia 12 de agosto,  integra a jornada nacional de luta realizada pela Via Campesina em todo o país. Os trabalhadores exigem o descontingenciamento de R$ 800 milhões do orçamento do Incra deste ano para a desapropriação de áreas para a reforma agrária. Somente no Rio Grande do Sul, duas mil famílias estão acampadas em beiras de estrada.

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul pediu apuração para identificar os responsáveis pela morte do sem-terra Elton Brum da Silva. “a presidência da Assembleia Legislativa solicitou à Casa Civil do governo estadual as condições para que o presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, Dionilso Marcon, tenha acesso ao local do conflito para verificar in loco as circunstâncias do ocorrido. É preciso avançar na reforma agrária para reduzir a violência no campo”, diz Ivar Pavan (PT), presidente da Assembleia.

Para o Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio Grande do Sul, “a morte deste brasileiro é inaceitável e resulta da intransigência do governo do estado, que encara protestos como crime, ocasionando agressões constantes a quem participa de manifestações, desconsiderando que elas são inerentes à democracia e asseguradas na constituição brasileira”.

Mais um Silva tomou conta dos blogs e sites hoje pela manhã, aos 44 anos Elton Brum da Silva foi assassinado na Fazenda Southall. Quantos de nós brasileiros, saberemos desta morte, desta novela que não tem fim nos latifúndios? Poucos eu diria, até porque este episódio certamente não terá mais de 30 segundos na grande mídia, quem informa e forma este povo. O Foco da TV é a outra Fazenda.

No real life, os Silva: Lula e Marina sobreviveram, já Elton….

Fontes: Vermelho, FolhaSP, CapitalGaucha

Conselho de Ética com a base do governo livra Sarney dos processos

O Conselho de Ética do Senado, nesta quarta-feira fechou o acordão para livrar José Sarney (PMDB-AP).  Por 9 votos a 6, o conselho rejeitou os 11 recursos da oposição contra o arquivamento sumário de denúncias e representações contra o presidente da Casa.

Para a abertura dos  processos contra Sarney, o PSDB e DEM esperavam o apoio dos três senadores do PT (Ideli Salvatti (SC), Delcídio Amaral (MS) e João Pedro (AM)), contudo, segundo a Folha de S. Paulo, os senadores receberam a orientação de Ricardo Berzoini (presidente do PT), a votarem pelo arquivamento.

Os votos no Conselho de Ética. Como votou o seu senador?

SIM (a favor das denúncias) X NÃO (contra as denúncias)

Titulares:

Demóstenes Torres (DEM-GO) – Sim

Heráclito Fortes (DEM-PI) – ausente

Eliseu Resende (DEM-MG) – Sim

Marisa Serrano (PSDB-MS) – Sim

Sérgio Guerra (PSDB-PE) – Sim

Wellington Salgado (PMDB-MG) – Não

Almeida Lima (PMDB-SE) – Não

Gilvam Borges (PMDB-AP) – Não

João Pedro (PT-AM) – Não

Inácio Arruda (PC do B-CE) – Não

Gim Argelllo (PTB-DF) – Não

João Durval (PDT-BA) – ausente

Romeu Tuma (PTB-SP) – Não

(vota como corregedor do Senado, que tem assento no Conselho de Ética)

Paulo Duque (PMDB-RJ)

(como presidente do conselho, ele só votaria no caso de empate)

Suplentes:

ACM Júnior (DEM-BA) – ausente

Rosalba Ciarlini (DEM-RN) – Sim

Delcídio Amaral (PT-MS) – Não

Ideli Salvatti (PT-SC) – Não

Jefferson Praia (PDT-AM) – Sim

Segue na íntegra, nota de Berzoini, presidente do PT:

A crise política pela qual passa o Senado Federal tem raízes em práticas administrativas inaceitáveis, que colidem com princípios constitucionais que fundamentam a administração pública.

Nos últimos meses, tomamos conhecimento de uma série de distorções que demonstram que a necessária estrutura de garantia da ação parlamentar converteu-se em uma série de privilégios e desmandos que exigem reparação e mudanças na estrutura da Casa.

É urgente a reformulação da gestão do Senado Federal, criando mecanismos modernos de gestão e instrumentos regulares de transparência. Também é necessária a apuração das irregularidades que se referem aos atos praticados por servidores e parlamentares que tenham ferido a legislação.

Para tanto, Ministério Público e Polícia Federal, que já estão investigando, têm instrumentos e metodologia apropriados para apurar de forma isenta as irregularidades apontadas. No entanto, não podemos ignorar que essa mesma crise é alimentada pela disputa política relacionada às eleições de 2010. A forma como as denúncias concentram-se no presidente do Senado, José Sarney, não deixa dúvidas de que, mais que apurar e reformar, a pretensão é incidir nas relações entre partidos, que apoiam o governo ou que podem constituir alianças para as eleições nacionais e estaduais do próximo ano.

Ignoram ou minimizam ilegalidades graves de determinados parlamentares ou partidos e concentram na desconstituição do presidente da mesa, como se ele tivesse responsabilidade exclusiva pelos problemas de todo o Senado.
O PT apresentou ao Senado a candidatura do senador Tião Viana para presidir a instituição, com uma plataforma de reformas que poderiam ser um passo adiante. Nossa candidatura não foi vencedora e reconhecemos o resultado.
Por entender que essa crise tem raízes reais, mas é manipulada de forma hipócrita para interesses eleitorais, e por defender a estabilidade política e o estado democrático de direito, como bases para um funcionamento pleno da democracia, não há como reconhecer no Conselho de Ética, com os ânimos da radicalização política atual, condições para encaminhar uma investigação isenta e equilibrada, seja sobre o senador Sarney ou sobre o Senador Virgílio, sem falar em outros casos sobre os quais caberia representação ao órgão.

Vídeo da Cobertura “ao vivo” da Globo News

Acusações

As representações arquivadas contra Sarney tratavam do suposto envolvimento do senador com a edição de atos secretos no Senado, da suspeita de que teria interferido a favor de um neto que intermediava operações de crédito consignado para servidores da Casa e de ter supostamente usado o cargo em favor da fundação que leva seu nome e mentido sobre a responsabilidade administrativa pela fundação.

As ações tratavam ainda da denúncia de que Sarney teria vendido terras não registradas em seu nome para escapar do pagamento de impostos sobre as propriedades, de que teria sido beneficiado pela Polícia Federal com informações privilegiadas sobre o inquérito que investiga o seu filho, Fernando Sarney, e de negociar a contratação do ex-namorado de sua neta na Casa.

Além disso, a oposição pedia que o senador fosse investigado sobre a acusação de que teria omitido da Justiça Eleitoral uma propriedade de R$ 4 milhões.

Com o arquivamento, a oposição já discute apresentar recurso em plenário ou na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) –mas os governistas usarão parecer jurídico para afirmar que o recurso ao plenário não se aplica nesse caso.

20 motivos

Porque aMulher 003inda somos feministas…

do blog Teológikas.

1. Porque nós queremos um mundo de paz e de justiça, onde a dignidade humana seja respeitada.

2. Porque pedimos que homens e mulheres sejam iguais em dignidade, iguais em direitos e que estes direitos sejam aplicados.

3. Porque dois terços dos analfabetos no mundo são mulheres.

4. Porque 99% das terras cultivadas no mundo pertencem a homens, apesar de as mulheres produzirem 70% das culturas alimentares. Porque as mulheres são 70% das mais pobres no mundo.

5. Porque 84% das pessoas que pertencem ao parlamento no mundo são homens, apesar de as mulheres constituírem metade do eleitorado.

6. Porque em nenhum país as mulheres possuem realmente direitos iguais aos homens. Porque no Afeganistão, as mulheres sofrem uma barbárie e são privadas de todos os direitos.

7. Porque em França, com o mesmo trabalho os homens ganham cerca de 15% mais do que as mulheres e em média, em qualquer profissão os homens ganham 25% a mais.

8. Porque os homens só assumem cerca de 20% das tarefas domésticas, bem como o cuidado com os filhos, aos doentes e aos idosos da família.

9. Porque em cada 10 lares, um existe ocorrências de violência graves onde as vítimas são em 95% dos casos mulheres e crianças.

10. Porque a sexualidade entre adultos deveria originar prazer recíproco e não devia ser utilizado para palavras e ações para magoar ou sujar.

11. Porque toda a mulher já sofreu insultos na rua, no carro.

12. Porque a publicidade representa demasiada vezes de uma forma degradante as mulheres, bem como as relações entre homens e mulheres

13. Porque no mundo, a cada ano, dois milhões de mulheres jovens são submetidas a mutilação genital e vem aumentar o número de 100 milhões de mulheres que sofreram desta prática.

14. Porque apelamos a resistir a violência do sistema machista que exalta uma virilidade brutal que menospreza os seres diferentes: mulheres, crianças, homossexuais…

15. Porque em alguns países a vontade política e o trabalho das mulheres já conseguirem mudar mentalidades, no Canadá ou na Europa do Norte por exemplo.

16. Porque somos solidárias com as mulheres e as jovens, que aqui ou em outros lugares, são maltratadas, humilhadas, insultadas, violentadas, violadas.

17. Porque “o feminismo nunca matou ninguém e que o machismo mata todos os dias”. (Benoîte Groult)

18. Porque pedimos que uma lei contra o sexismo seja o modelo da lei francesa anti-racista de 1972, afim que os delitos e os crimes sexistas sejam reconhecidos como tal e punidos.

19. Porque aspiramos o ideal republicanos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, porque poderíamos substituir fraternidade por uma nova palavra adelphité* para exprimir melhor a ideia de uma solidariedade harmoniosa entre todos os humanos, mulheres e homens.

20. Porque “ a utopia de hoje é a realidade amanhã”. (Victor Hugo).

Fonte: “ Encore feministe” é uma rede feminista internacional que reúne assinantes de um manifesto lançado no dia 8 de Março de 2001, que dava a lista dos principais “vinte motivos” de ser “ainda feminista”, convidando cada um a acrescentar outros. Esta iniciativa, fundada pela historiadora francesa Florence Montreynaud, organiza acções de protestos e de solidariedade .

Comissão de Justiça do Senado recebe Lina, ex-secretária da Receita Federal

Lina, uma mulher À DERIVA na Comissão de Constituição e Justiça.

A ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira depôs hoje pela manhã (18/08) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Ela confirmou sua versão dada ao jornal Folha de S. Paulo, que afirmava o encontro com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ocorrido no fim do ano passado (sem, todavia, confirmação por parte da secretária da data e horário do encontro).

Lina, ex-secretária da Receita Federal
Lina, ex-secretária da Receita Federal

Segundo Lina, a ministra pediu, para agilizar investigações sobre o empresário Frenando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMBD-AP).

O depoimento foi acompanhado pelos ilustres senadores da república, que abusaram de suas autoridades, ao faltarem ao respeito com a funcionária já desonerada. Tentativas por parte de alguns senadores em deturpar as afirmações de Lina. Se o depoente fosse um homem, duvido que seria tratado da mesma forma, com perguntas que levariam ao funcionário ao descumprimento das normas da Receita Federal, de manter o sigilo em torno dos processos dos contribuintes.

Às vésperas das eleições presidenciais, qualquer laranja, como a senhora Lina, se torna alvo fácil, para uma nova pauta de discussões no Senado Federal.

TV Cultura em greve

Funcionários e funcionárias na TV Cultuta entraram em greve no dia 10 de agosto. Desde a madrugada daquele dia, os funcionários fazem piquete nos estúdios da TV Cultura, que fica na Lapa de Baixo em São Paulo.

greveA paralisação ocorre em protesto ao não-cumprimento de acordo coletivo que determinava 5,83% de reajuste (e 35% de abono salarial) em maio, data-base da categoria, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão no Estado de São Paulo (Sindrad).

A direção da fundação distribuiu nota à imprensa hoje na qual se compromete a buscar uma breve solução para a questão do reajuste salarial. A nota informa que o presidente da fundação, Paulo Markun, tratou do assunto com João Sayad, secretário de Estado da Cultura, e que obteve a promessa de que o processo será apressado na Secretaria de Estado da Fazenda e na Casa Civil.

Brasil – Uma Silva sucessora de um Silva?

Abaixo um texto sobre a sucessão presidencial. Será possível uma Silva suceder o Silva? Leonardo Boff, professor, ex-frade franciscano, renomado teólogo, fiósofo e escritor, levanta esta reflexão.

Não estou ligado a nenhum partido, pois para mim partido é parte. Eu como intelectual me interesso pelo todo embora, concretamente, saiba que o todo passa pela parte. Tal posição me confere a liberdade de emitir opiniões pessoais e descompromissadas com os partidos.

Jaime C. Patias
Leonardo Boff

De forma antecipada se lançou a disputa: Quem será o sucessor do carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva?

De antemão afirmo que a eleição de Lula é uma conquista do povo brasileiro, principalmente daqueles que foram sempre colocados à margem do poder. Ele introduziu uma ruptura histórica como novo sujeito político; e isso parece ser sem retorno. Não conseguiu escapar da lógica macro-econômica que privilegia o capital e mantém as bases que permitem a acumulação das classes opulentas. Mas introduziu uma transição de um estado privatista e neoliberal para um governo republicano e social que confere centralidade à coisa pública (res publica), o que tem beneficiado vários milhões de pessoas. Tarefa primeira de um governante é cuidar da vida de seu povo e isso Lula o fez sem nunca trair suas origens de sobrevivente da grande tribulação brasileira.

Depois de oito anos de governo se lança a questão que seguramente interessa à cidadania e não só ao PT: quem será seu sucessor? Para responder a esta questão precisamos ganhar altura e dar-nos conta das mudanças ocorridas no Brasil e no mundo. Em oito anos muita coisa mudou. O PT foi submetido a duras provas e importa reconhecer que nem sempre esteve à altura do momento e às bases que o sustentam. Estamos ainda esperando uma vigorosa autocrítica interna a propósito de presumido “mensalão”. Nós cidadãos não perdoamos esta falta de transparência e de coragem cívica e ética.

Em grande parte, o PT virou um partido eleitoreiro, interessado em ganhar eleições em todos os níveis. Para isso se obrigou a fazer coligações muito questionáveis, em alguns casos, com a parte mais podre dos partidos, em nome da governabilidade que, não raro, se colocou acima da ética e dos propósitos fundadores do PT.

Há uma ilusão que o PT deve romper: imaginar-se a realização do sonho e da utopia do povo brasileiro. Seria rebaixar o povo, pois este não se contenta com pequenos sonhos e utopias de horizonte tacanho. Eu que circulo, em função de meu trabalho, pelas bases da sociedade vejo que se esvaziou a discussão sobre “que Brasil queremos”, discussão que animou por decênios o imaginário popular. Houve uma inegável despolitização em razão de o PT ter ocupado o poder. Fez o que pôde quando podia ter feito mais, especialmente com referência à reforma agrária e a inclusão estratégica (e não meramente pontual) da ecologia.

coletiva, durante o 12° Intereclesial das CEBs, Porto Velho-RS
coletiva, durante o 12° Intereclesial das CEBs, Porto Velho-RS

Quer dizer, o sucessor não pode se contentar de fazer mais do mesmo. Importa introduzir mudanças. E a grande mudança na realidade e na consciência da humanidade é o fato de que a Terra já mudou. A roda do aquecimento global não pode mais ser parada, apenas retardada em sua velocidade. A partir de 23 de setembro de 2008 sabemos que a Terra como conjunto de ecossistemas com seus recursos e serviços já se tornou insustentável porque o consumo humano, especialmente dos ricos que esbanjam, já passou em 40% de sua capacidade de reposição.

Esta conjuntura que, se não for tomada a sério, pode levar nos próximos decênios a uma tragédia ecológico-humanitária de proporções inimagináveis e, até pelo final do século, ao desaparecimento da espécie humana. Cabe reconhecer que o PT não incorporou a dimensão ecológica no cerne de seu projeto político. E o Brasil será decisivo para o equilíbrio do planeta e para o futuro da vida.

Qual é a pessoa com carisma, com base popular, ligada aos fundamentos do PT e que se fez ícone da causa ecológica? É uma mulher, seringueira, da Igreja da libertação, amazônica. Ela também é uma Silva como Lula. Seu nome é Marina Osmarina Silva.

[Autor do livro Que Brasil queremos? Vozes 2000].

* Teólogo, filósofo e escrito

MARINA SILVA

Roberto Malvezzi (Gogó) *

A possibilidade de Marina da Silva candidatar-se à presidência da República brilha como um facho de luz na escuridão. É o mínimo que se pode dizer ao surgir essa possibilidade.

Marina apresentou muitos limites como ministra. Fez concessões excessivas ao governo, inclusive de suas convicções pessoais. A justificativa que apresentou para apoiar a transposição do São Francisco na audiência pública em Juazeiro da Bahia, raiou o deprimente. Assumir esse constrangimento foi mais forte que negar a proposta e sair do governo. Mais tarde, preterida no comando do desenvolvimento da Amazônia, renunciou. Renúncia tardia, mas, quem sabe, a tempo de injetar um novo horizonte na campanha de 2010.

Marina não seria apenas o desaguadouro dos insatisfeitos com a política predadora do atual governo. Ela traria para o debate político um ângulo que fatalmente estará ausente, se a eleição ficar polarizada entre Serra e Dilma. Marina poderia suscitar o debate sobre as florestas, os rios, as novas energias, as novas tecnologias, os direitos das comunidades tradicionais, o respeito por seus saberes, por seus territórios, enfim, sobre um novo projeto de país. Se mostrar fôlego eleitoral, colaborará mais ainda com país, retirando-nos desse fatalismo PSDB/PT que estão querendo enclausurar a política brasileira.

* Agente Pastoral da Comissão Pastoral da Terra – CPT.