Ontem (19/01) conheci Fátima, 42 anos, sorridente, evangélica, super comunicativa. Nos conhecemos às 22h, no ponto de ônibus na Rodovia Anchieta em São Bernardo do Campo. Foram 50 minutos de espera, até que o ônibus nos levasse até o centro de São Paulo.
Em pouco tempo já estávamos conversando sobre a vida…de baixo de chuva, nos aproximamos. Fátima trabalha na Colgate, em São Bernardo e mora na Zona Leste de São Paulo – Cidade Tiradentes. O metro não chega até sua casa, da estação Corinthians-Itaquera, ela pega outra condução, são mais de duas de locomoção, com sorte.
Fátima é casada, seu marido está desempregado e toma conta do apartamento, dos dois cachorros e de um gatinho. Ao chegar em casa, o jantar está pronto, o tempo que resta fica para uma tarefa doméstica e a troca de carinhos com o marido.
No Brasil cerca de 25% das mulheres sustentam integralmente as suas casas sem qualquer ajuda dos maridos, companheiros ou filhos. Fátima corrobora com estes números. Pesquisa realizada pela FinanceOne Economia, revelou que os domicílios sustentados pelas mulheres têm rendimento inferior aos providos pelos homens, seguindo a tendência do mercado de pagar menos às mulheres. Em agosto de 2009, a renda média dos domicílios cujos principais responsáveis eram homens chegava a R$ 2.116,28. Já os domicílios sustentados por mulheres tinham renda média de R$ 1.503,99. Diferença brutal!
Segundo a mesma pesquisa 50,6% das mulheres entrevistadas vivem sem cônjuge e com filhos, 24,4% vivem com cônjuge e 17,5% vivem sós. Estes números são reflexo das mudanças sócio-culturais, como a emancipação feminina, ligada à redução do número de filhos, foco nos estudos e projetos de vida que fogem ao mundo medieval.
Fátima me marcou pelo sorriso simples, carente de cuidados, pela gentileza em me acolher em teu guarda-chuva, pela luta diária que enfrenta para suprir a si, seu marido e seus “filhotes”.