O documentário “A Revolução não será televisionada”, filmado e dirigido pelos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O’Briain, retrata as 47 horas entre 11 e 13 de abril de 2002, em que, o presidente eleito da Venezuela, Hugo Chávez foi deposto e preso.
O presidente Chávez, assumiu a presidência em 1998, e desde então vem trabalhando por uma “revolução bolivariana”. Um dos meios da revolução, é a distribuição dos rendimentos auferidos com o petróleo para investimentos sociais voltados à maioria do povo. A Venezuela é o 4° produtor de petróleo do mundo.
Junto a estas ações, Chávez aumentou suas críticas às políticas liberais inspiradas nos EUA, levantou a ira do imperialismo norte-americano, acostumados a governos submissos e gerou uma tensão entre as classes dominantes locais e a grande massa de pobres do país, que chega a 80% da população. Este é o cenário em que se desenrola o Golpe de Estado em 2002.
Destacamos, neste documentário a atuação dos meios de comunicação, que conduziram, incitaram e manipularam as massas envolvidas em torno do Golpe. A RCTV apoiou deliberadamente a oposição de Chávez, dando espaço e convidando militares a divulgarem a decisão de desviar a manifestação até o Palácio, causando a morte de 10 civis e o desmantelamento do governo de Chávez.
Observa-se que a mídia local ampara-se também, no apoio da mídia internacional pautada pelas agências norte-americanas e inglesas, que trazem consigo interesses políticos e econômicos, divergentes ao do governo bolivariano de Chávez. A imprensa internacional não cobriu os fatos com isenção. Durante o Golpe de Estado, a Rede CNN, deu espaço para Pedro Carmona, “presidente”, durante a ausência de Chávez, que estava foragido do Palácio Miraflores, para que falasse sobre o golpe e o governo naquele momento. No Brasil o golpe sequer existiu, nenhum canal e nenhum repórter ou apresentador crrticou o ocorrido.
Em 2010 a relação entre Chávez e as imprensas local e internacional, continuam tensas. Não faltam declarações de que o presidente, cria um cenário de Ditadura e autoritarismo no país. Seis canais de televisão, incluindo a RCTV – de linha crítica à gestão de Hugo Chávez, foram retiradas do ar, segundo a Conatel – Comissão Nacional de Telecomunicações, por não transmitirem atos do presidente Hugo Chávez, que estaria embasada na Lei de Responsabilidade Social em Rádio e Televisão, bem como com a construção da República Bolivariana.
Chávez, nato comunicador, sabe da importância dos meios de comunicação, utiliza dos meios estatais eprivados para continuar sua revolução e abusa de seu poder executivo para podar a liberdade da imprensa local. A relação entre Chávez e a mídia, acaba por cercear os direitos do cidadão comum, que por um lado perde a oportunidade de ter a informação imparcial e completa, e por outro é manipulada pelos donos dos meios de comunicação, que são grandes empresários que divergem do governo bolivariano.