Pela primeira vez o estado de São Paulo promove a Virada Inclusiva. Ontem e hoje (4/12), acontecem em várias cidades, inclusive na capital, uma série de shows, palestras, oficinas, apresentações, mostras teatrais, exposições, gincanas e manifestações de arte, cultura, esporte e lazer para um público que ta querendo literalmente “virar” o olhar as cidades. “Precisamos olhar para as capacidades de cada um e não para suas deficiências”, disse Elisângela Vasconcelos, 33 anos, psicóloga e repórter do informativo da ONG Nosso Sonho. Nos conhecemos no Memorial da América Latina, durante a Virada Cultural, em uma sala com seis pessoas afetadas por deficiência neuromotora, vi o que a superação é capaz.
O tempo ali é outro. Um convite ao contato, ao ouvir, ao relacionar-se. Elisângela tem os pensamentos organizados, sua fala é concatenada e suas palavras firmes são um manifesto pela inclusão. Ela não pode caminhar, mas seu caminho já é um exemplo. De sua cadeira de rodas, com um sorriso largo ela me diz que sua vida pode e é tão colorida, quanto a minha.
Outro repórter da ONG é Marcos Murackami, 22 anos. Marcos se comunica por meio do sistema Bliss. São símbolos feitos de formas geométricas, que representam conceitos simples ou complexos. Seus dedos caminham entre os símbolos e as palavras, expressões e ações vão se formando. A vontade vai criando forma, e a comunicação acontece. Apesar da sua vasta possibilidade de combinações, a sua aprendizagem é mais lenta e exige maior desempenho cognitivo.
A tecnologia é uma aliada na inclusão, Ana Lúcia Barros, 28 anos, possui uma coluna de receitas no Informativo, todas antes testadas. Para o trabalho na redação, Ana utiliza um computador que rastreia o movimento de seu olhar e vai codificando os símbolos, assim como Marcos. A diferença é que Ana não pode mover os braços. Sua comunicação acontece pelo olhar. Um olhar que a mim comunicou “Oi, foi um prazer te conhecer”.
As receitas de Ana e as colunas dos meus colegas de trabalho, podem ser encontradas no Informativo Bem Vindo A.Nó.S.
A virada inclusiva além de ser uma política pública de inclusão das milhares de pessoas que possuem algum tipo de deficiência, possibilita conhecer o ser humano, assim como ele é, na sua capacidade, humanidade e na sua coragem de enfrentar dia-a-dia os obstáculos da vida urbana e do coração humano.
Conheça a programação da Virada Inclusiva.