Desde o início do debate sobre a construção da estação de metro no bairro Higienópolis, na capital (SP), tenho lido e escutado muita gente falando dos pobres de maneira absurda, quase que como um objeto de estudo, e sabemos que muitos fazem discursos, análises e até projetos, sem nem mesmo conhecer de fato, na real o que é a pobreza.
As pessoas falam dos pobres, como se fossem uma minoria de outro mundo, capaz de causar o mal, mas por favor, a pobreza está em todo o lugar, está aqui e quem sabe por aí. Eu a vejo, eu a vivo no aperto e descaso do transporte público, nos barracos que boiam sobre o esgoto no Jardim Peri, no lixo em que vivem os índios guarani no Jaraguá, nas crianças cheirando cola, tiner nas escadarias da Sé pra driblar a fome, nos moradores de rua que vivem a 1 quilometro do shopping Higienópolis, na Marechal, ou nas cinzas das carroças queimadas no centro.
A pobreza também está na mesa das famílias, quando falta comida. E não me venham dizer, sejam vocês de esquerda ou direita – se é que isso ainda existe, que ninguém mais passa fome nesse país, mentira! Passa sim, fome de comida, de dignidade, de oportunidade, de medo e violência moral.
Tudo isso é pobreza e quando não se vê ou se vive essa realidade, é fácil escrever qualquer coisa “sobre os pobres”, em uma sala com ar condicionado e lanche à porta, preparado inclusive, por um pobre. Por favor!
Karlinha,
Infelizmente, poucas ainda são as pessoas que tem o mesmo olhar sensível e iluminado que você tem frente ao mundo.
Peço-te, ou melhor, rogo-te que jamais deixe morrer essa profecia que existe em você.
“Cuidado com a vida que você vai viver, pois ela será o único Evangelho que muitos vão ver”, é o que nos diz uma testemunha sempre viva da luta e da caminhada!
Nos vemos na luta,
Saudades de vc,
Um abraço fraterno,
Saulo
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