
Como JP, outras histórias surgiam pelos corredores do Cento de Acolhida a Refugiados. Entre elas a de Mounir Ismael, 27 anos. Natural da República Centro Africana, o jovem saiu de casa aos 10 anos, atravessou a fronteira
para o Camarões, e por lá viveu pelas ruas.
“Sempre que falo da minha história, fico triste. Sai de casa com 10 anos de idade. Nossa família sempre foi pobre, éramos 13 filhos, um cenário de pobreza e violência. Em nosso país, só quem trabalha para o governo tem vida”, disse Mounir.
Aos 16 anos, decidiu com amigos tentar a sorte no Brasil, o percurso não foi o mais fácil. Viajou 25 dias de navio, escondido entre cargas de açúcar. “Fiquei 25 dias no mar, duas semanas sem comer, embaixo do navio, junto às cargas de açúcar. Não tinha dimensão do que estava fazendo”, contou.
Ao chegar em Santos, encurralado pela Polícia Federal, pensou em se jogar no mar. “Eu não tinha nada a perder, não podia voltar ao meu país”, disse. Mounir Ismael não se jogou no mar. Foi encaminhado a São Paulo e depois de dois anos morando pelas ruas, buscou refúgio na Cáritas. “A Cáritas nos mostra o caminho. Ela encaminha, dá convivência, carteira de trabalho, cesta básica, um salário até que sai o refúgio definitivo”, disse.
Hoje, o jovem é modelo e ator, e estreia nas telas da TV com o seriado Destino SP, na HBO. O seriado aborda o cotidiano dos imigrantes recém-chegados à cidade de São Paulo. Na vida real, Mounir Ismael atravessou fronteiras difíceis até para a ficção.
Mas o que se vê, que neste roteiro, ele não esteve sozinho. contou com o apoio da Cáritas Arquidiocesana, lembrando com carinho de
Adelaide Guabiraba, assistente social do Centro de Acolhida a Refugiados, que o acolheu na Mounir, refugiado no Brasil chegada a São Paulo.