
Os dias de correio têm um ritual que me movimentam de um jeito único… desde o início da pandemia não encontro mais leitores pessoalmente, então faço desse momento de venda e dedicatória do livro, um momento de encontro, especial mesmo.
Busco um café quentinho. Hoje está bem cremoso. Sento no sofá e em seu braço, apoio a pequena pilha de livros. Um a um vou abrindo e relendo frases que escrevi em outros tempos. Tenho frio na barriga. Uma alegria boba encontrada entre um silêncio e outro.
Naquele sofá, onde a luz banha-nos de energia, escrevo cada uma das dedicatórias pensando em seu portador. Portadora na maioria das vezes. Acho o momento tão solene, que antes eu mesma faço minhas unhas, juro e rio de mim mesma.
Encaixo o marca-páginas com saudades da Rê, quem faz tudo o que há de bonito que acompanha as minhas palavras. E pronto, envelope, endereço e rua.
Máscara, alcool em gel e prudência até a agência do Correio, lá no centro de Guarulhos. Cruzo a praça Getúlio Vargas, cumprimento os que por ali vivem e fila.
As filas revelam traços interessantes do brasileiro, como a dificuldade de respeitar o distanciamento. O chão está marcado, mas é ignorado. Ô, povo, carente… antes fosse só de contato humano.
Nos guichês, os sorrisos são conhecidos. Eles sabem que ali estão meus livros e tratam os envelopes com cuidado. Observo. E assim, eles seguem seu percurso até os olhos, a vida de alguém.
Dias de correio são quase sempre assim… 😉
Se quiser meu terceiro livro, O Peso do Jumbo, eu os tenho aqui. Me avise, que terei o prazer em fazer sua dedicatória e enviá-lo ainda hoje.