Grita Amazônia, grita que este povo escuta

Trem de Ferro Gusa

Porto Velho – RO sediará 12°Intereclesial de CEBs – Comunidades Eclesiais de Base, de 21 a 25 de julho deste ano.

Um encontro que promete reunir aproximadamente 3 mil pessoas, interessadas em discutir, refletir e apontar soluções para questões como o desmatamento da Amazônia, à questão indígena – o descumprimento da Constituição que lhes garante a vivacidade das culturas originais e o acesso à terra. Os danos do agronegócio, da transposição e poluição de rios por todo o Brasil, do consumo desenfreado de bens não essenciais à vida, do desperdício de energia, comida, da geração de lixo e de tantos outros problemas que permeiam a sociedade brasileira e todo o mundo.

Ouvi nesta tarde, que estes problemas são fruto da vaidade humana, portanto, há de se refletir também neste encontro, qual o compromisso do homem/mulher com sua vida, sua civilização. Quem são estes homens e mulheres, como estão constituídas suas famílias, suas histórias…

Os participantes deste grande encontro em Rondônia, chamado 12° Intereclesial de Cebs, são cristãos, católicos que se vêm comprometidos, à exemplo de jesus Cristo, a defender a vida, a dignidade dela.

Da cidade de São Paulo, denominada nas estruturas da Igreja como Arquidiocese de São Paulo, saírão 54 delegados, representantes de suas comunidades e paróquias. Entre eles padres, religiosas e religiosos, leigos e leigas, jovens que estão dispostos a buscar outros caminhos para aquele virão.

Delegados em dia de formação / Itatiba - SP
Delegados em dia de formação / Itatiba - SP

A Região Amazônica está em pauta no mundo, sediou em janeiro, em Belém do Pará, os Fóruns Social Mundial de Teologia e Libertação, o 9° Fórum Social Mundial e agora acolhe o 12° Intereclesial de CEBs.

Estarei em Porto Velho, de 19 a 26 de julho como uma das delegadas de São Paulo, representando a Região Brasilãndia e o Setor Pereira Barreto. Hoje (05/07) nós, os 54 delegados tivemos um encontro especial pela manhã com Dom Angélico Bernadino Sândalo, bispo emérito de Blumenau e às 11h fomos enviados pelo bispo da Arquidiocese dom Odilo Pedro Sherer, que nos pediu para levar também o grito de São Paulo, que sofre por tantos males.

Do ventre da Terra, o Grito que vem da Amazônia – estarei atenta a este grito de perto, acompanhando as discussões, ouvindo, aprendendo….estamparei aqui fotos deste povo bonito, que atravessa kilometros, por terra, mar e ar, numa tentativa corajosa cheia de esperança na busca de um outro mundo possível.

“Nos vemos” por aqui…

ENTREVISTA

José Renato é sacerdote, radialista e assessor das CEBs – Comunidades Eclesiais de Base no Estado de São Paulo.

Qual a importância deste encontro em Porto Velho e quais as suas expectativas quanto ao 12° Intereclesial…

José Renato – Os intereclesiais são momentos, como diz o grande Pedro Casaldáliga, são momentos macro, momentos de fortaecimento na fé, são momentos de compromisso bem definidos para todos e para que de fato o clamor da Amazônia apareça. A gente sabe que quando, biblicamente, os pobres clamam Deus desce. A história do êxodo, o grito de Jesus na Cruz, são clamores que mostram o protesto definitivo de Deus contra as injustiças e tudo aquilo que vai contra a realização do Seu Reino.

Então enquanto clamor a Igreja que não é de hoje, já trabalha há muito tempo, inclusive com a questão ecológica desde 1979, já fizemos uma Campanha da Fraternidade – CF sobre ecologia, já fizemos a CF trabalhando em nível nacional, da Amazônia, dos índios, a água, que são todos temas que estão aí relacionados. Então a expectativa é que o intercâmbio, a comunhão fraterna, de experiências, de buscas de saída dos problemas de missão e ecologia, a gente volte com mais ânimo, claro, a gente vai ver que as lutas são as mesmas, vamos celebrar vitórias e vamos ver os desafios, mas que na cidade de São Paulo, especialmente na nossa Região Brasilãndia, onde o problema ecológico aparece tanto, que até é uma prioridade pastoral, está aí a Luta para resolver o problema do lixo, a luta por moradia, a reciclagem, são problemas que nos dizem imediatamente. O problema da Amazônia é também problema de São Paulo.

 O que esperar destes 54 delegados da Arquidiocese de São Paulo…

Os nossos representantes nós esperamos que venham animados, mais esclarecidos, com maior ardor profético para testemunhar a missão do reino que passa pela ecologia, e como a gente rezava hoje, pela manifestação dos filhos de Deus, porque a criação foi submetida à vaidade humana. Então eu acho que vai ser muito positivo, com certeza é um momento de esperança, um momento de celebração, de toda a vida de Igreja. De toda a vida de Igreja, que eu participo desde coroinha, eu nunca vi nenhum encontro desta grandiosidade, desta beleza, onde todos realmente, bispos, padres, leigos estão irmanados numa relação de muita fraternidade, muita comunhão. Lá agente faz a experiência de viver a igreja da comunhão, da igreja do serviço, da simplicidade e comprometida com o reino, mais próximo daquilo que os evangelhos pedem.

Prêmio Parlamentares Inimigos da Amazônia 2009

Na semana passada, em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de junho), várias entidades que defendem o meio-ambiente e são contra a devastação da Amazônia, premiaram os parlamentares que se destacam na luta pela Região Amazônica e consequentemente da vida na Terra.

Confira a lista dos “amigos da Amazônia”

Categoria espécies nativas: Senadora Marina Silva (PT/AC), Senador José Nery (PSOL/PA), Deputado Sarney Filho (PV/MA).

Categoria espécies exóticas: Senador Aloísio Mercadante (PT/SP), Senador Cristovam Buarque (PDT/DF), Senador Renato Casagrande (PSB/ES), Deputado Paulo Teixeira (PT/SP).

Agora, a Amazônia luta também contra alguns parlamentares. Confira a lista dos inimigos da Amazônia:  

Categoria espécie nativas: Senadora Katia Abreu (DEM/TO), Senador Romero Jucá (PMDB/RR), Senador Flexa Ribeiro (PSDB/PA), Deputado Asdrúbal Bentes (PMDB/PA), Deputado Homero Pereira (PR/MT)

Categoria espécie exótica:Deputado José Nobre Guimarães (PT/CE), Deputado Aldo Rebelo (PC do B/SP), Deputado Valdir Colatto (PMDB/SC),

Todos eles, alguns lideranças da bancada ruralista, aprovaram a Medida Provisória (MP) 458, que autoriza a grilagem e a ocupação de terras irregulares na Amazônia. Muitos combatem o Código Florestal e são contra a demarcação de terras indígenas e de unidades de conservação. 

Fonte:  Radioagência NP

Projeto de Lei de Conversão 09 (PLV 09/2009) promete legalizar grileiros

“a lógica do crescimento econômico a qualquer custo vem solapando o compromisso político de se construir um modelo de desenvolvimento socialmente justo, ambientalmente adequado e economicamente sustentável”. ambientalistas contra a aprovação do PLV 09/2009

Na semana do meio ambiente e após a aprovação no Senado da medida que permite à União transferir terras na Amazônia sem licitação, ambientalistas divulgaram uma nota pública repudiando os rumos atuais da política ambiental brasileira dos poderes Executivo e Legislativo.

O texto aprovado pelo Senado na noite de quarta (3) trata da regularização fundiária da Amazônia e permite à União doar ou vender, sem licitação, terrenos de até 1.500 hectares na Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins e parte do Maranhão). Ao todo, a União poderá legalizar 67,4 milhões de hectares. Segundo a nota divulgada pelos ambientalistas, a aprovação da medida “abriu a possibilidade de se legalizar a situação de uma grande quantidade de grileiros, incentivando, assim, o assalto ao patrimônio público, a concentração fundiária e o avanço do desmatamento ilegal”.

Com relatoria da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), representante da bancada ruralista, o Projeto de Lei de Conversão 09 (PLV 09/2009) foi aprovado no Senado sem alterações ao texto aprovado em maio na Câmara dos Deputados. Lá, o texto tramitou inicialmente como medida provisória 458 (MP 458/09). Ao sofrer alterações antes de ser aprovada, a medida se transformou no PLV 09 e foi encaminhada ao Senado. “Essa aprovação já era esperada, é um tipo de medida que tanto a base do governo apóia, como a oposição, que é onde está a bancada ruralista. Mesmo assim, a gente ficou surpreso com os obstáculos que a medida teve no Senado, coisa que a gente não viu na Câmara.

A [senadora] Marina Silva pressionou e o placar de algumas votações foi bastante acirrado”, avaliou Raul do Valle, advogado do Instituto Socioambiental (ISA). Também contrária à PLV, a senadora Marina Silva (PT-AC) pediu em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o veto de três artigos do texto aprovado pelo Senado, denominado por ela como “legalização da grilagem“.

Um dos vetos propostos pela senadora tenta impedir a grilagem de terras ou que latifundiários consigam se apropriar de terrenos através de laranjas. A senadora defende que pessoas que não ocupam diretamente as terras não devem ser beneficiadas. Pela lei aprovada, empresas que ocuparam terras públicas até 2004 terão direito às propriedades. Imóveis médios e grandes poderão ser revendidos três anos após a concessão dos títulos; e imóveis pequenos, após dez anos. A parlamentar é contra a venda dos terrenos menos de dez anos após a sua regularização.

O segundo veto é contra a dispensa de vistoria em áreas com até quatro módulos fiscais (em média 304 hectares) antes da concessão das terras. Para a senadora, terrenos com essa dimensão também podem apresentar irregularidades, como a presença de laranjas. A terceira sugestão de veto refere-se à regularização de terras para as pessoas jurídicas que possuam outras propriedades rurais. A parlamentar justifica que um proprietário de várias empresas poderá regularizar 1,5 mil hectares como pessoa física e a mesma quantia por cada empresa que possua.

A crítica dos ambientalistas não se restringe ao projeto aprovado pelo Senado. A nota divulgada aponta oito pontos críticos da política ambientalista adotada pelos poderes Executivo e Legislativo. Dentre eles, está a modificação, em novembro do ano passado, do decreto que exigia o cumprimento da legislação florestal (Decreto 6514/08). “O Governo Federal cedeu pela primeira vez à pressão do lobby da insustentabilidade”, afirma a nota. Para os ambientalistas, as medidas recentes dos dois poderes “demonstram claramente que a lógica do crescimento econômico a qualquer custo vem solapando o compromisso político de se construir um modelo de desenvolvimento socialmente justo, ambientalmente adequado e economicamente sustentável”.

fonte: Adital

Cebs em defesa da vida, em defesa da Amazônia

12° Intereclesial de CEBs...que ouçam o grito que brota da Amazônia
12° Intereclesial de CEBs...que ouçam o grito que brota da Amazônia

Neste final de semana  (7 e 8 de março) estarei em Itatiba participando e cobrindo o Encontro Regional das CEBs – Comunidades Eclesiais de Base, do Estado de São Paulo.

São esperadas aproximadamente 350, que irão se encontrar em preparação para o 12° Encontro Nacional, chamado de Intereclesial, que acontecerá de 21 a 25 de julho em Porto Velho, nesta ocasião, as CEBs de todo o Brasil estarão representadas e vão refletir sobre o tema “CEBs Ecologia e Missão – Do Ventre da Terra o grito que vem da Amazônia”.

Os Intereclesiais mantém viva a memória da caminhada da Igreja e suas lutas.” A partir deles, historiadores futuros poderão recuperar muito da trajetória concreta da vida de nossa Igreja num dos seus tecidos mais vivos.” Secretariado do 10° Intereclesial.

CEBS – Comunidade Eclesiais de Base

Encontro de Formação das CEBs - São José dos Campos
Encontro de Formação das CEBs - São José dos Campos / foto Karla Maria

As CEBs surgiram das decisões do Concílio Vaticano II, realizado na primeira metade da década de 60, que colocou como prioridade para a igreja a “opção preferencial pelos pobres”. Estas comunidades se posicionam no cenário eclesial e político sempre em defesa dos mais pobres, fortalecendo um perfil de Igreja mais encarnada, comprometida com a vida e a libertação do Povo de Deus.

“Embora experimentando tensões, não se isolaram da Igreja Católica e procuraram permanecer fiéis aos princípios evangélicos. A fidelidade à Instituição não implica, todavia, ausência de análises críticas a seus modelos tradicionais” site das CEBs Sul 1.

Hoje, dados oficiais da CNBB indicam que existem mais de 100 mil CEBs espalhadas no Brasil; seus encontros refletem a atuação do cristão diantes das situações e problemáticas em que a sociedade está inserida. Temas como a responsabilidade ecológica, escolha de políticos entre tantas outras lutas de trabalhadores, camponeses e indígenas.

fontes: CNBB, CebsSul1