18º Grito dos Excluídos questiona Estado e energia para quê e para quem?

Foto Luciney Martins | Coletiva em São Paulo sobre o Grito dos Excluídos

“Queremos um Estado a serviço da nação, que garanta direitos a toda a população”. Esse é o “grito”que percorrerá as ruas no próximo Dia da Pátria, 7 de setembro, em todo o Brasil. O anúncio foi feito em coletiva de imprensa, dia 30, por dom Guilherme Antônio Werlang, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na sede do Regional Sul 1 da CNBB, em São Paulo.

“Estamos percebendo que o Estado brasileiro está a serviço muito mais de interesses particulares do que de toda a nação, e o Grito quer dizer: nós somos a nação brasileira, mas o Estado não atende e não garante os direitos de toda a população”, afirmou dom Guilherme, que defende que as pessoas saíam às ruas e se mobilizem no Dia da Pátria.
Para o bispo, a sociedade civil precisa ser protagonista no processo verdadeiramente democrático e a mobilização é a arma a ser usada. “Vejamos a Lei da Ficha Limpa, anticorrupção, vejam o mensalão. Temos que lembrar que nenhuma dessas leis que está passando o Brasil a limpo, nasceu de dentro do Congresso Nacional, nasceu de iniciativas populares e são elas que estão fazendo o Brasil de fato mudar, por isso esse Grito é urgentíssimo”.

Para Paula Ribas, da Associação dos Moradores de Santa Efigênia, “o grito daquela região é contra a gentrificação no centro de São Paulo [expulsão dos pobres para enobrecimento do espaço urbano]. Temos prédios e prédios abandonados e os movinentos sociais estão reunidos para dar o uso social devido àqueles lugares”, afirma Paula, que mora na região há 37 anos.

Em janeiro deste ano, a Polícia Militar realizou a Operação Sufoco na Cracolândia, com o objetivo de oferecer tratamento aos dependentes químicos e acabar com os pontos de tráfico de drogas, mas segundo a moradora, de nada adiantou a operação. “Toda a intervenção que a polícia fez em janeiro não serviu para nada, o dependente químico não tem assistência nenhuma, só serviu para espalhar o problema”.

Outro grito em destaque nesta 18º edição são os impactos da construção da usina de Belo Monte, em Altamira, no Pará. O Grito dos Excluídos não aceita o projeto da construção da barragem e de outras obras do Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal. Iury Paulino, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) explicou o motivo. “Estamos discutindo energia elétrica para quê e para quem? À quem essa energia vai servir, os benefícios dela são para o conjunto da população brasileira? Não, Belo Monte nada mais é, do que um instrumento das corporações”, disse Iury, referindo-se às empresas presentes no consórcio Norte Energia, responsável pela Obra de barragens pelo Brasil: o grupo Eletrobras, as empresas Neoenergia, Cemig, Light, Vale e Sinobras, o grupo J Malucelli, os fundos de pensão Petros (Petrobras), Funcef e Cevix 3.

“O modelo energético brasileiro serve para sustentar esses negócios”, disse Iury. Questionado sobre a posição da CNBB diante da construção da Usina de Belo Monte, dom Guilherme ressaltou que entre os bispos há discordâncias. “A CNBB não tem uma posição única, porque há opiniões divergentes, mas defendemos o meio ambiente e apoiamos as manifestações, exigimos a transparência [na construção das barragens]”.

Um Dom Helder, um recomeço na Casa da Mãe

Hoje, 20 de abril, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) realiza a entrega dos prêmios de Comunicação 2011-2012, nas categorias Margarida de Prata (cinema), Microfone de Prata (rádio), Clara de Assis (televisão) e Dom Helder Câmara (impresso).

A entrega será transmitida ao vivo, às 20h30, pelas pelas emissoras católicas de televisão, direto de Aparecida (SP). Eu já estou por aqui, na casa da Mãe Aparecida, sim, vim receber o Dom Helder Câmara, pela reportagem “Extermínio silencioso”, publicado em dezembro de 2011 na revista Família Cristã.

Confesso que neste momento, o teclado é uma válvula de escape, para me tranquilizar e me faz lembrar que a premiação é importante para discutir o tema da situação indígena no país, que ainda carece da atenção do Estado. São cerca de 900 mil brasileiros que precisam ter seus direitos garantidos na totalidade, e aqui, há questão da demarcação das terras é precípua.

Importante também para minha história e de tantos, em especial de minha família, que comigo lutaram e sonharam. Recebo este prêmio certa de que ele representa um sim, de que o caminho é este, de buscar um jornalismo que assegure à sociedade a possibilidade de viver democraticamente, com a garantia de seus direitos.

Estou feliz, sobretudo pelos sorrisos que se abrem comigo, pelas mensagens de carinho e confiança, por ter amigos das pastorais sociais e das comunidades eclesiais de base que me ajudaram a ter mais sensibilidade diante de injustiças, mazelas, dores…

A felicidade é grande sim, mas o troféu Dom Helder Câmara para mim é um começo ou recomeço, um compromisso renovado comigo mesma, com a jornalista Karla Maria, de buscar sempre um jornalismo à serviço da sociedade.

Corpo limpo, vestido passado, é hora de recomeçar na Casa da Mãe.

Dom Helder Câmara de Imprensa
– Karla Maria, com a reportagem “Extermínio silencioso”, publicado na REVISTA FAMÍLIA CRISTÃ;
– Adriana Irion e José Luís Costa, com a reportagem “Meninos Condenados”, do Jornal Zero Hora;
– Prêmio de Menção Honrosa para o Jornalista Odilon Rios, com a reportagem “Pacientes convivem com formigas, goteiras e cadáveres em Alagoas”.

Margarida de Prata
– As canções, documentário de longa-metragem, de Eduardo Coutinho;
– Diário de uma busca, documentário de longa-metragem, de Flávia Castro;
– A música segundo Tom Jobim, documentário de longa-metragem, de Nelson Pereira dos Santos;
– Á sombra de um delírio verde, documentário de média-metragem, de Cristiano Navarro Peres.

Clara de Assis
– O documentário Marujada – A festa de São Benedito, de Ivaldo Souza e Marcos Valério, da Rede Nazaré de Televisão
– A reportagem Dependência Química – álcool e crack, de Thiago Rodrigues Tiburcio, da TV Senado;
– A reportagem Lixo: danos e soluções, de Ioná Marina Moreira Pina Rangel, da Rede Aparecida de Comunicação;
– O documentário Filhos do abandono, do Projeto Comunicar, da TV PUC-Rio.

Microfone de Prata
– Categoria religioso, Por dentro do assunto, Rádio Mensagem 1470 AM, Jacareí (SP), apresentado por Carlos Alberto Sena e padre Ednei Evaldo Batista, com produção de Donizete Eugênio;
– Categoria jornalismo, reportagem Especial: O novo Código do Processo Civil – Uma Justiça mais rápida?, Rádio Senado FM, Brasília (DF), apresentado por Luciomar Rodrigues e Assis Medeiros com produção de Rodrigo Resende, sendo texto e reportagem de Adriano Faria;
– Categoria entretenimento, Nossas Igrejas, uma expressão de fé, arte e cultura”, Rádio 9 de Julho, Arquidiocese de São Paulo (SP), apresentado pelo padre José Renato Ferreira e Jucilene Rocha, com produção da equipe de jornalismo da Rádio 9 de Julho.

Como votar bem?

No dia 3 de outubro, mais de 130 milhões de eleitores exercerão sua cidadania através do voto no Brasil, depositarão nas urnas a escolha de seus representantes nos cargos públicos: presidente da República (e seu vice), os governadores dos Estados e do Distrito Federal (e seus vices), 54 senadores (dois em cada Estado), deputados federais e estaduais (ou distritais). A CNBB do Regional Sul 1 (Estado de São Paulo), que liderou a campanha pela mobilização popular em torno do projeto que se tornou a Lei Ficha Limpa, divulgou orientações aos seus fiéis para a participação consciente e responsável no processo político-eleitoral deste ano:

1. O poder político emana do povo. Votar é um exercício importante de cidadania; por isso, não deixe de participar das eleições e de exercer bem este poder. Lembre-se de que seu voto contribui para definir a vida política do País e do nosso Estado.

2. O exercício do poder é um serviço ao povo. Verifique se os candidatos estão comprometidos com as grandes questões que requerem ações decididas dos governantes e legisladores: a superação da pobreza, a promoção de uma economia voltada para a criação de postos de trabalho e melhor distribuição da renda, educação de qualidade para todos, saúde, moradia, saneamento básico, respeito à vida e defesa do meio ambiente.

3. Governar é promover o bem comum. Veja se os candidatos e seus partidos estão comprometidos com a justiça e a solidariedade social, a segurança pública, a superação da violência, a justiça no campo, a dignidade da pessoa, os direitos humanos, a cultura da paz e o respeito pleno pela vida humana desde a concepção até à morte natural. São valores fundamentais irrenunciáveis para o convívio social. Isso também supõe o reconhecimento à legítima posse de bens e à dimensão social da propriedade.

4. O bom governante governa para todos. Observe se os candidatos representam apenas o interesse de um grupo específico ou se pretendem promover políticas que beneficiem a sociedade como um todo, levando em conta, especialmente, as camadas sociais mais frágeis e necessitadas da atenção do Poder público.

5. O homem público deve ter idoneidade moral. Dê seu voto apenas a candidatos com “ficha limpa”, dignos de confiança, capazes de governar com prudência e equidade e de fazer leis boas e justas para o convívio social.

6. Voto não é mercadoria. Fique atento à prática da corrupção eleitoral, ao abuso do poder econômico, à compra de votos e ao uso indevido da máquina administrativa na campanha eleitoral. Fatos como esses devem ser denunciados imediatamente, com testemunhas, às autoridades competentes. Questione também se os candidatos estão dispostos a administrar ou legislar de forma transparente, aceitando mecanismos de controle por parte da sociedade. Candidatos com um histórico de corrupção ou má gestão dos recursos públicos não devem receber nosso apoio nas eleições.

7. Voto consciente não é troca de favores, mas uma escolha livre. Procure conhecer os candidatos, sua história pessoal, suas ideias e as propostas defendidas por eles e os partidos aos quais estão filiados. Vote em candidatos que representem e defendam, depois de eleitos, as convicções que você também defende.

8. A religião pertence à identidade de um povo. Vote em candidatos que respeitem a liberdade de consciência, as convicções religiosas dos cidadãos, seus símbolos religiosos e a livre manifestação de sua fé.

9. A Família é um patrimônio da humanidade e um bem insubstituível para a pessoa. Ajude a promover, com seu voto, a proteção da família contra todas as ameaças à sua missão e identidade natural. A sociedade que descuida da família, destrói as próprias bases.

10. Votar é importante, mas ainda não é tudo. Acompanhe, depois das eleições, as ações e decisões políticas e administrativas dos governantes e parlamentares, para cobrar deles a coerência para com as promessas de campanha e apoiar as decisões acertadas.

Para aqueles que estão com dúvidas sobre as eleições 2010 acessem o site do Tribunal Superior Eleitoral – TSE, tire todas as suas dúvidas, ainda ha tempo.