Dom Orani fala sobre presidência do Conselho de Comunicação

Karla Maria

Dom Orani João Tempesta, arcebispo metropolitano do Rio de Janeiro tomou posse dia 8, da presidência do Conselho de Comunicação Social (CCS), órgão auxiliar ao Congresso Nacional. Entre suas funções, o Conselho auxilia o Senado em temas como a liberdade de expressão, regulamentação da propaganda de agrotóxicos, bebidas alcoólicas, tabaco, medicamentos e terapias, diversões e espetáculos públicos, concessões públicas e programação das TVs e rádios brasileiras. Confira entrevista exclusiva de dom Orani, que permanece no cargo por dois anos.

O SÃO PAULO – O que que representa para a Igreja Ca- tólica, a escolha do senhor a presidente do Conselho de Comunicação Social? E para o senhor?
Dom Orani Tempesta – Recebi surpreso a nomeação e mais surpreso ainda a eleição por aclamação para a presidência. Como já tinha pertencido ao Conselho durante a minha missão nessa área na CNBB creio que, ao reativar o CCS do Congresso pensaram em meu nome. Porém a escolha pelo Congresso Nacional representa um reconhecimento da necessidade da maior parte da população ser representada no CCS, e acredito, também de todos os que crêem e sabem da importância da mídia na formação do povo Brasileiro. Para mim é uma grande responsabilidade para tentar corresponder a uma coordenação e aconselhamento de tantas situações conflitantes e disputadas que ocorrem nesse meio.

O SÃO PAULO- O que representa ao Estado brasileiro ter um bispo católico presidindo o Conselho de Comunicação Social? O se- nhor foi nomeado por unanimidade… há uma sede ou necessidade de mais valores evangélicos nos meios de comunicação?
Dom Orani- É o reconhecimento do estado brasileiro da importância do povo que tem fé, e nesse ponto não vejo apenas o bispo católico, mas uma pessoa que sabe da sensibilidade de todos os que acreditam em Deus nesse país, seja qual for a sua religião. A realidade da presença religiosa na mídia se faz notar e sabemos também da necessidade que todos os cidadãos desse país tenham sua voz e vez para utilizar o meio de comunicação.

O SÃO PAULO – Há os que criticam o proselitismo religioso nas rádios e tvs brasileiras, o senhor concorda? não? Qual sua avaliação sobre o uso das concessões públicas pelas diversas religiões?
Dom Orani –
Creio que existe de tudo nas rádios e tvs brasileiras. Não só proselitismo religioso, mas também do ateísmo, e tantas outras situações que necessitam de discernimento sobre o alcance de cada responsabilidade. Dentro da legislação brasileira todos os cidadãos tem seus direitos, não importando sua etnia, religião, posição social, posição política. De outra forma corremos o risco de excluir cidadãos dos plenos direitos civis.

O SÃO PAULO – Como telespectador, o senhor está satisfeito com a qualidade da programação das rádios e tvs brasileiras? Onde há necessidade de algum tipo de regulação?
Dom Orani – Todos sabemos que a tv aberta vive dos patrocinadores e com isso, muitas vezes fica refém da audiência. E nesse sentido sentimos a necessidade de uma melhoria da cultura e educação atuais para que influa nas opções de tv aberta e também que a mesma tenha coragem de dar opções inteligentes aos seus ouvintes e telespectadores para fazer aumentar o nível cultural. Situações que vão contra a constituição brasileira ou exageros de apelação inútil precisariam encontrar caminhos para que esses meios sejam expressão de um povo que sabe de sua responsabili- dade na sociedade mundial.

O SÃO PAULO – Os trabalhos do Conselho começam em setembro, o senhor já obteve a pauta? O marco regulatório é a grande preocupação do Conselho neste momento?
Dom Orani – Estamos elaborando a pauta. No primeiro momento iremos tomar conhecimento dos vários projetos sobre comunicação em tramitação no congresso nacional. No regulamento do CCS é colocado que muitas pautas provêm do Congres- so Nacional que consulta o CCS. Sem dúvida que o marco regulatório é uma grande preocupação, mas também muitos outros aspectos do CCS. Esperamos deixar um legado para o próximo CCS em sua realização e composição.

O SÃO PAULO – O senhor acredita, que de alguma maneira, o trabalho junto à Pastoral da Comunicação agregou-lhe conhecimento sobre o tema, e poderá servir de bagagem para o trabalho no Conselho? Como?
Dom Orani –
Sem dúvida que meu trabalho com os meios de comunicação desde a diocese de origem e depois pelas outras que passei e pelos trabalhos nessa área nos regionais, até chegar a ser eleito por dois mandatos nessa comissão na CNBB juntamente com o contato com os que trabalham na comunicação foi decisivo para que eu possa cumprir bem esse mandato enquanto assim puder e o congresso nacional o desejar.

Publicada na ediçåo 2915 de O SÅO PAULO.

Vestidas de branco, lavam a rampa do Congresso Nacional

foto J. Freitas
foto J. Freitas

Integrantes do Forum Permanente das Religiões de Matriz Africana e Afro-brasileiras do Distrito Federal e Entorno participaram, nesta quarta-feira (23), da “1ª Caminhada das Comunidades de Terreiro do Distrito Federal e Entorno”, manifestando-se contra a intolerância religiosa e em defesa de políticas públicas em favor do grupo. A concentração se deu em frente ao Museu da República, e a caminhada se encerrou com uma lavagem da rampa do Congresso Nacional.

“Elas caminham trajadas tipicamente, vestidas de branco para representar o Oxalá, carregam um vaso com água de cheiro na cabeça e flores. A escadaria é lavada com as águas carregadas pelas baianas, é um processo de purificação, ou seja, lavagem dos pecados.”

Pois, assim seja…

Amém, axé, awerê, aleluia!

Fonte: Agência Senado

O MST permanece na mira de Kátia Abreu

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) e o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), ambos da bancada ruralista no senado, protocolaram pedido de CPMI – Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, para investigar denúncias de repasses de recursos públicos e do Exterior ao MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

O requerimento teve o apoio de 192 deputados e 34 senadores. Para dar andamento a um pedido de abertura de comissão mista de inquérito são necessárias as assinaturas de, no mínimo, 171 deputados federais e 27 senadores. Agora, o próximo passo para a instalação dos trabalhos é a leitura do requerimento pelo presidente do Senado e do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), em sessão do Congresso Nacional.

Os partidos e blocos com representação na Casa terão cinco dias úteis para apresentarem os nomes dos 17 deputados e 17 senadores que conduzirão dos trabalhos de investigação da CPMI. Caso alguma legenda deixe de fazer a indicação caberá ao presidente do Congresso fazer as indicações.