A internet vira arma do PT nas eleições presidênciais

O responsável pela campanha vitoriosa de Barack Obama na Internet, aterrisa em terras tupiniquins. Um americano, Ben Self, um típico nerd, vai trabalhar para o Partido dos Trabalhadores na eleição do ano que vem. A informação foi confirmada em entrevista ao Portal Terra.

“Sim, estamos trabalhando com o partido”, afirmou Self ao ser questionado se ele teria sido contratado pelo PT.

Self e sua empresa, a Blue State Digital, são responsáveis pela revolução que a campanha do então candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos promoveu ao utilizar a Internet. Com as ações na web, foram arrecadados mais de US$ 500 milhões em doações, o que representa 66% de toda a arrecadação.

“Não existe um candidato que pense em lançar uma campanha sem usar a internet. É a marca de um candidato sério, bem como uma ferramenta importante. Sem ela, é como participar de uma batalha sem ter uma arma. Como você poderia fazer isso?”, afirmou.

Concordo que a internet seja um instrumento indispensável para propagação de ideias, uma democratização do acesso à informação (Olha eu aqui!!). Explica-se gora o empenho de Aloízio Mercadante, líder da bancada do PT no Senado, em liberar o uso da internet nas campanhas eleitorais de 2010. Ben, o nerd dos democratas agradece.

Abaixo você acompanha a entrevista que Ben Self deu ao Portal Terra

Você tem diploma do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e é, na realidade, um especialista em tecnologia. Como se envolveu com campanhas políticas?
O meu background é em ciência da computação e tenho diplomas de graduação e pós-graduação do MIT. Depois de me formar, trabalhei por muitos anos como especialista em tecnologia para bancos, seguradoras e grupos afins. Em 2003, me mudei para o Estado de Vermont para trabalhar na campanha presidencial de Howard Dean. Após isso, eu e três colegas fundamos a Blue State Digital, uma empresa especializada em tecnologia e política. Agora, somos uma empresa internacional com mais de 100 funcionários no mundo inteiro e servimos centenas de clientes.

Você acha que, atualmente, a internet é uma ferramenta fundamental para uma campanha eleitoral ter sucesso?
Não existe um candidato que pense em lançar uma campanha sem usar a internet. É a marca de um candidato sério, bem como uma ferramenta importante. Sem ela, é como participar de uma batalha sem ter uma arma. Como você poderia fazer isso? Portanto, acho que é importante que os candidatos usem a internet para que tenham uma campanha eficaz.

Você esteve em Brasília há duas semanas. Chegou a conversar com o presidente Lula?
Sim, estive em Brasília. Quanto a ter encontrado Lula, vou deixar que o partido dele fale sobre isso. Não me sinto à vontade para comentar sobre clientes ou clientes em potencial.

No momento, o Partido dos Trabalhadores é um cliente ou um cliente em potencial?
Estamos trabalhando com o partido agora a fim de ajudar a fazer planos para a próxima eleição presidencial.

Você foi contratado pelo PT?
Sim, estamos trabalhando com o partido.

Em nota divulgada nesta semana, o PT falou que você estava trabalhando com o publicitário João Santana e não com o partido. Isto é verdade?
Vou deixar que eles deem informações específicas sobre isso. Apenas vou dizer que estamos trabalhando com a estratégia da campanha em geral.

Você chegou a se encontrar com a candidata do PT à presidência, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff?
Não posso dar informações específicas. Para saber detalhes, é preciso falar com o partido.

Quando a campanha de Dilma Rousseff deve ter início na internet?
Não vou discutir a estratégia em geral. Não seria inteligente fazer isso neste momento.

No Brasil, as pessoas não têm tanto acesso a computadores quanto nos EUA. Uma campanha com base na internet seria ainda assim eficiente?
Claro que sim. Há milhões de pessoas no Brasil – acho que cerca de 60 milhões de pessoas – que têm acesso à internet. E quando você usa a internet, ela não é usada somente para convencer as pessoas, mas para incentivar quem apoia o candidato a ajudá-lo a ganhar a eleição. Mesmo se nem todas as pessoas têm acesso à internet, você pode usá-la para localizar seus simpatizantes que podem, então, falar com as pessoas que não têm acesso à internet. Tem mais a ver com engajar as pessoas do que com convencer as pessoas.

Você acha que será preciso que fique baseado no Brasil para conduzir a campanha ou pode fazer isso dos EUA?
Isso ainda tem de ser determinado. Eu certamente gostei da minha estada no Brasil e retornarei ao país em algumas semanas.

Você está empolgado com este novo trabalho no Brasil?
Certamente. Só de visitar o Brasil dá para notar que as pessoas estão entusiasmadas com a eleição que está por vir, são ativas na internet e estão animadas, pois os políticos podem usar a internet de modo mais eficiente. Acho que será uma grande oportunidade para o País.

Será preciso adaptar suas técnicas de campanha à realidade brasileira?
Trabalhamos com diversos países. Cada um tem tópicos diferentes que devem ser empregados. Mas os aspectos básicos, como desenvolver relacionamentos transparentes e verdadeiros com as pessoas, fazem parte da natureza humana. Eles são iguais em todos os lugares.

Você trabalharia na campanha de um partido de direita?
Provavelmente não. Não seria compatível com os princípios da nossa empresa.

Fontes: Tv Senado, Portal Terra, Comunique-se

Conselho de Ética com a base do governo livra Sarney dos processos

O Conselho de Ética do Senado, nesta quarta-feira fechou o acordão para livrar José Sarney (PMDB-AP).  Por 9 votos a 6, o conselho rejeitou os 11 recursos da oposição contra o arquivamento sumário de denúncias e representações contra o presidente da Casa.

Para a abertura dos  processos contra Sarney, o PSDB e DEM esperavam o apoio dos três senadores do PT (Ideli Salvatti (SC), Delcídio Amaral (MS) e João Pedro (AM)), contudo, segundo a Folha de S. Paulo, os senadores receberam a orientação de Ricardo Berzoini (presidente do PT), a votarem pelo arquivamento.

Os votos no Conselho de Ética. Como votou o seu senador?

SIM (a favor das denúncias) X NÃO (contra as denúncias)

Titulares:

Demóstenes Torres (DEM-GO) – Sim

Heráclito Fortes (DEM-PI) – ausente

Eliseu Resende (DEM-MG) – Sim

Marisa Serrano (PSDB-MS) – Sim

Sérgio Guerra (PSDB-PE) – Sim

Wellington Salgado (PMDB-MG) – Não

Almeida Lima (PMDB-SE) – Não

Gilvam Borges (PMDB-AP) – Não

João Pedro (PT-AM) – Não

Inácio Arruda (PC do B-CE) – Não

Gim Argelllo (PTB-DF) – Não

João Durval (PDT-BA) – ausente

Romeu Tuma (PTB-SP) – Não

(vota como corregedor do Senado, que tem assento no Conselho de Ética)

Paulo Duque (PMDB-RJ)

(como presidente do conselho, ele só votaria no caso de empate)

Suplentes:

ACM Júnior (DEM-BA) – ausente

Rosalba Ciarlini (DEM-RN) – Sim

Delcídio Amaral (PT-MS) – Não

Ideli Salvatti (PT-SC) – Não

Jefferson Praia (PDT-AM) – Sim

Segue na íntegra, nota de Berzoini, presidente do PT:

A crise política pela qual passa o Senado Federal tem raízes em práticas administrativas inaceitáveis, que colidem com princípios constitucionais que fundamentam a administração pública.

Nos últimos meses, tomamos conhecimento de uma série de distorções que demonstram que a necessária estrutura de garantia da ação parlamentar converteu-se em uma série de privilégios e desmandos que exigem reparação e mudanças na estrutura da Casa.

É urgente a reformulação da gestão do Senado Federal, criando mecanismos modernos de gestão e instrumentos regulares de transparência. Também é necessária a apuração das irregularidades que se referem aos atos praticados por servidores e parlamentares que tenham ferido a legislação.

Para tanto, Ministério Público e Polícia Federal, que já estão investigando, têm instrumentos e metodologia apropriados para apurar de forma isenta as irregularidades apontadas. No entanto, não podemos ignorar que essa mesma crise é alimentada pela disputa política relacionada às eleições de 2010. A forma como as denúncias concentram-se no presidente do Senado, José Sarney, não deixa dúvidas de que, mais que apurar e reformar, a pretensão é incidir nas relações entre partidos, que apoiam o governo ou que podem constituir alianças para as eleições nacionais e estaduais do próximo ano.

Ignoram ou minimizam ilegalidades graves de determinados parlamentares ou partidos e concentram na desconstituição do presidente da mesa, como se ele tivesse responsabilidade exclusiva pelos problemas de todo o Senado.
O PT apresentou ao Senado a candidatura do senador Tião Viana para presidir a instituição, com uma plataforma de reformas que poderiam ser um passo adiante. Nossa candidatura não foi vencedora e reconhecemos o resultado.
Por entender que essa crise tem raízes reais, mas é manipulada de forma hipócrita para interesses eleitorais, e por defender a estabilidade política e o estado democrático de direito, como bases para um funcionamento pleno da democracia, não há como reconhecer no Conselho de Ética, com os ânimos da radicalização política atual, condições para encaminhar uma investigação isenta e equilibrada, seja sobre o senador Sarney ou sobre o Senador Virgílio, sem falar em outros casos sobre os quais caberia representação ao órgão.

Vídeo da Cobertura “ao vivo” da Globo News

Acusações

As representações arquivadas contra Sarney tratavam do suposto envolvimento do senador com a edição de atos secretos no Senado, da suspeita de que teria interferido a favor de um neto que intermediava operações de crédito consignado para servidores da Casa e de ter supostamente usado o cargo em favor da fundação que leva seu nome e mentido sobre a responsabilidade administrativa pela fundação.

As ações tratavam ainda da denúncia de que Sarney teria vendido terras não registradas em seu nome para escapar do pagamento de impostos sobre as propriedades, de que teria sido beneficiado pela Polícia Federal com informações privilegiadas sobre o inquérito que investiga o seu filho, Fernando Sarney, e de negociar a contratação do ex-namorado de sua neta na Casa.

Além disso, a oposição pedia que o senador fosse investigado sobre a acusação de que teria omitido da Justiça Eleitoral uma propriedade de R$ 4 milhões.

Com o arquivamento, a oposição já discute apresentar recurso em plenário ou na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) –mas os governistas usarão parecer jurídico para afirmar que o recurso ao plenário não se aplica nesse caso.

MARINA SILVA

Roberto Malvezzi (Gogó) *

A possibilidade de Marina da Silva candidatar-se à presidência da República brilha como um facho de luz na escuridão. É o mínimo que se pode dizer ao surgir essa possibilidade.

Marina apresentou muitos limites como ministra. Fez concessões excessivas ao governo, inclusive de suas convicções pessoais. A justificativa que apresentou para apoiar a transposição do São Francisco na audiência pública em Juazeiro da Bahia, raiou o deprimente. Assumir esse constrangimento foi mais forte que negar a proposta e sair do governo. Mais tarde, preterida no comando do desenvolvimento da Amazônia, renunciou. Renúncia tardia, mas, quem sabe, a tempo de injetar um novo horizonte na campanha de 2010.

Marina não seria apenas o desaguadouro dos insatisfeitos com a política predadora do atual governo. Ela traria para o debate político um ângulo que fatalmente estará ausente, se a eleição ficar polarizada entre Serra e Dilma. Marina poderia suscitar o debate sobre as florestas, os rios, as novas energias, as novas tecnologias, os direitos das comunidades tradicionais, o respeito por seus saberes, por seus territórios, enfim, sobre um novo projeto de país. Se mostrar fôlego eleitoral, colaborará mais ainda com país, retirando-nos desse fatalismo PSDB/PT que estão querendo enclausurar a política brasileira.

* Agente Pastoral da Comissão Pastoral da Terra – CPT.