Não há pressão que pare “o filho do Brasil”, é pressão da oposição, dos movimentos sociais, da imprensa, do judiciário e agora do coração – a hipertensão. Nada segura este homem. Pesquisa encomendada pela Confederação Nacional do Transporte ao Instituto Sensus (CNT/Sensus) divulgou que Lula possui uma aprovação de 81,7%. Cresceu também a avaliação positiva do governo. Em novembro, ela era de 70% (ótimo + bom), agora é de 71,4%. Dos entrevistados, 22% avaliaram o governo como regular, em novembro foram 22,7%. Outros 5,8% avaliaram o governo como negativo, em novembro foram 6,2%.
Lula foi premiado no Fórum Econômico Mundial por “sua liderança global”. Não pode ir à Davos receber sua homenagem pessoalmente, por orientação médica, contudo, em seu discurso proferido por Celso Amorim, Ministro das Relações Exteriores, registrou: Outro mundo e outro caminho são possíveis. Slogan de outro Fórum, o Social Mundial – FSM, que este ano completou 10 anos e foi realizado em Porto Alegre e Bahia. O FSM foi criado como um modo alternativo ao Econômico Mundial de Davos, na construção de um mundo mais justo.
Lula brilhou em ambos, aqui (Porto Alegre) e lá (Davos), isto é estar em cima do muro, ou a tal arte de fazer política?
“Já acabou de passar o índio para trás, já acabou de passar o índio na escravidão, já acabou o índio de viver na miséria, na migalha, isso não existe mais. Tem que colocar uma política mais séria para os povos indígenas”. Dionito de Souza em entrevista no 9° FSM, em Belém, PA.
durante o 9° FSM, Belém do Pará. foto de Karla Maria
A Raposa Serra do Sol, após 30 anos de muitas lutas e mortes, conseguiu a demarcação contínua de suas terras. Segue abaixo a carta do Dionito José de Souza, Coordenador Geral do CIR, o Conselho Indígena de Roraima, em agradecimento a todos, que vestiram a camisa da Raposa Serra do Sol:
A Carta
O Conselho Indígena de Roraima (CIR), em nome de todas as comunidades da Raposa Serra do Sol e do Estado de Roraima, vem a público registrar o seu contentamento pela conclusão do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF), da constitucionalidade da demarcação administrativa da referida terra indígena.
Para os povos indígenas de Roraima e de todo o Brasil, a decisão dos Ministros da Suprema Corte, coloca um ponto final num conflito que arrasta-se há mais de 30 anos e tornou-se caso emblemático da política indigenista nacional.
Reconhecer a demarcação em terras contínuas da Raposa Serra do Sol é garantir a vida física e cultural dos povos macuxi, wapichana, ingarikó, taurepang e patamona, habitantes ancestrais do norte do Brasil. Os índios da Raposa Serra do Sol, cidadão brasileiros culturalmente diferenciados, depositam toda a sua confiança no Estado Democrático de Direito e na Constituição da República Federativa do Brasil, que os ampara como povos detentores de direitos originários.
O CIR agradece aos Ministros do Supremo Tribunal Federal pelo julgamento, às organizações indígenas e indigenistas, e, instituições religiosas, que durante décadas acreditaram e apoiaram a luta pelo reconhecimento da terra, além das organizações do próprio Estado Brasileiro, especialmente a FUNAI, Ministério da Justiça, Ministério Público Federal e Presidência da República. Com a conclusão do julgamento, e a retirada dos ocupantes ilegais, o CIR acredita que as comunidades viverão em paz e poderão construir um futuro de desenvolvimento sustentável e harmônico com a natureza.
Parabéns a todos que acreditaram na justa luta pelo reconhecimento de Raposa Serra do Sol.
Dionito durante painel dos Missionários da Consolata, no 9° FSM de Belém, PA. foto de Jaime Patias
Conheci Dionito no 9° FSM, pude ver em seus olhos, e nos de tantos outros indígenas que lá se encontravam, que esta era uma luta por sobrevivência humana e cultural.
Ao lado da Universidade Federal Rural de Belém, havia uma escola que serviu de alojamento para s cerca de 1350 indígenas, que participaram do fórum. Dionito estava lá e pude entrevistá-lo. Acomopanhe:
Dionito, você é coordenador do CIR – Conselho Indigenista de Roraima, qual o trabalho deste conselho?
O CIR trabalha em defesa da terra, com a saúde e educação, contra a violênvia, dizendo não à bebida alcoólica. O CIR é uma organização indígena sem fins lucrativos
Quantos indígenas há no Estado de Roraima?
Há 70 mil indígenas no Estado de Roraima entre eles, macuxi, wapichana, igaripó, pataman, sapará, yanomani…nós temos. Na Raposa Serra do Sol, nós temos uma população de19 mil indígenas.
Qual a sua expectativa quanto à decisão do Supremo Tribunal Federal, na demarcação contínua das terras da Raposa Serra do Sol?
Os povos indígenas não vão abrir mão das terras, o Supremo Tribunal Federal só tem que reconhecer o que já está na Constituição. Nós temos que ser ouvidos, somos pessoas, somos seres humanos, e precisamos conversar com o governo federal. Acreditamos que conversando, dialogando nós teremos um país mais justo e os povos terão seus direitos respeitados de fato.
E como se dá o convívio com os indígenas que não concordam com a demarcação contínua das terras da Raposa?
Essa é uma mentira que sai na mídia que tem indígena contra a Raposa Serra do Sol, o que existe lá são os invasores, os não indígenas, os arrozeiros que manipularam meia dúzia de indígenas, jogando uma garrafa de cachaça, dinheiro, meio quilo de arroz, aí eles se manifestam contra a Raposa Serra do Sol.
Como está a segurança na Raposa Serra do Sol?
A segurança não existe, a polícia estave lá no tiroteio de cinco de maio, no atentado do Paulo César, mas não fez nada.
Na capital do Estado do Pará, tudo está pronto para o início da 9ª edição do Fórum Social Mundial – FSM, que espera receber cerca de 120 mil participantes. Na tarde do dia 26, milhares de pessoas e profissionais da imprensa compareceram às instalações da Universidade Federal Rural, para fazer o credenciamento e retirar a extensa programação, publidada em quatro idiomas.
Nas ruas de Belém já é visível a intensa movimentação nos transportes públicos. As rodovias, aeroportos e hotéis estão recebendo gente de todo o mundo com o objetivo de “formular alianças e plataformas de ação e luta que fortaleçam os processos já em curso possibilitando a criação de novos”, como afirma o grupo facilitador do FSM 2009. Para preparar a cidade, além dos investimentos em infra-estrutura, várias escolas foram reformadas e passaram a promover encontros pré-forum, onde se discutia a importância de se realizar um evento tão importante, como este em Belém. Nos encontros preparatórios, omores participantes receberam orientações sobre o que se esperava do FSM, quais os benefícios para a população, em especial para a juventude e sobre as futuras políticas públicas para a sociedade como um todo.
Bruno Cristian S. Santos, tem 18 anos é um dos jovens, que participaram dos encontros preparatórios. Hoje ele soma-se aos cerca de 600 jóvens, que se dedicam a orientar os 20 mil joves aguardados no espaço do Acampamento Intercontinental da Juventude. Nascido em Belém, Bruno é líder da UMES – União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas. Para ele, o Fórum é um momento de incentivar a juventude “acomodada” a participar da vida política de sua cidade e do país. Além disso, é um momento de ajudar a construir um Planeta melhor para se viver. “A gente espera que depois do Fórum, os investimentos do governo continuem e que não seja apenas no período do evento”, afirmou.
O IX FSM acontece num contexto de várias crises, na economia, meio-ambiente, cultura e política. Outros diriam, em uma crise do modelo de civilização, dada a gravidade do contexto em que nos encontramos. É diante desta realidade, que o Fórum transforma-se num encontro daqueles que acreditam que a mudança é possível e que ela só pode se concretizar com a participação de todos os atores da sociedade. A inauguração oficial do IX FSM está marcada para a tarde do dia 27, com uma grande caminhada, partindo do Cais do Porto, ao lado da Estação das Docas, e deslocando-se até a Praça do Operário, no bairro São Braz.
O 2° dia será dedicado à Pan – Amazônica e suas temáticas regionais, (a Pan –Amazônica é a região que abrange Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. A partir do dia 28 à tarde até dia 31 de janeiro, acontecerão as atividades autogestionadas, estendendo-se até o dia 1° de fevereiro, quando se encerra o Fórum, com a celebração do Dia das Alianças. Paralelo à essas atividades acontecerão as tendas temáticas e uma ampla programação cultural.