Cansada de “porrada”, Soninha diz que está infeliz

De Monica Aquino, do R7

Subprefeita da Lapa não imaginava que cargo seria “uma bomba” tão grande

Soninha Francine, subprefefeita da Lapa, voltou a dividir opiniões quando decidiu posar seminua na revista Playboy deste mês e num calendário de uma ONG que defende a bicicleta como meio de transporte. O R7 procurou a subprefeita para tentar descobrir algumas faces dessa mulher que não tem medo de dizer o que pensa e admite que está infeliz.- Fui candidata à prefeita, vereadora, trabalhei na MTV, na ESPN, escrevo na Folha de S.Paulo, sou amiga do Serra, saio pelada na revista. Que era uma bomba [assumir a Subprefeitura da Lapa], eu imaginava, mas não que ia me deixar tão infeliz. O resultado é absolutamente insatisfatório para mim. Não consigo ficar feliz com o resultado.

Em uma longa conversa, Soninha não se esquiva de nenhuma pergunta, fala de tudo. De como resolveu ser política, da decepção com o PT, da amizade com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), de como não está satisfeita com o resultado do trabalho à frente da Subprefeitura da Lapa, e do que faz para “desestressar”.

Entrada na vida política

A vontade veio de pequena, da época do colégio. Pensava: “eu quero ser política”, mas depois desisti. A gente nem votava em prefeito ainda. Era a época do senador biônico. Depois, quando o Jânio Quadros foi prefeito, eu me interessava muito, fazia boca de urna, já simpatizava totalmente com o PT, já me considerava do partido. Quando decidi [entrar na política], meu marido na época quase morreu. Porque a gente sempre teve uma paixão por mato, por vida rústica. Ele era budista antes de mim, então a gente pensava em mudar para perto de um templo, eu dar aula e ele cuidar da terra. Quando eu falei que queria me candidatar, isso significava ficar muito longe da vida natural, rústica e campestre. Ele temia, era um pesadelo dele se confirmando.

Relação com o PT

Aos 14 anos, falei “gostei do PT, é mais radical do que o PMDB”. Nos dois partidos você tinha gente que vinha do combate à ditadura. Eu achava que o PT era mais radical e isso me agradava. Não foi que eu escolhi o PT, eu era PT. Em 2004, me indispus com o partido desde o começo da candidatura. Porque o partido queria me ajudar, mas de várias maneiras que eu não concordava. […] Aí a Marta perdeu a eleição e veio uma nova rodada de incômodos. O fim do governo dela, a transição, foi muito ruim, caótica. Enquanto isso, o mundo caindo em Brasília [por causa do escândalo do mensalão]. Mas Brasília, para mim, não era tão determinante. Me incomodava muito mais a situação que eu vivia todo dia, toda semana em reunião de bancada. Foram dois anos, desde que me elegi até a hora que eu decidi sair, de conflitos meus com o partido.

Entrada no PPS

Quando desencantei do PT, não queria ir para outro partido. PV e PCdoB falaram comigo. Antes de me procurar, o PPS me defendeu em algumas das minhas brigas na Câmara. Eles me convidaram, eu falei que não queria ir nunca mais para partido nenhum, que não queria ser candidata. Eles falavam, “se você não quer vir para o PPS, não venha, mas seja candidata pelo PT, é importante você continuar vereadora”. Pela primeira vez me disseram “nosso partido também precisa melhorar”. Depois de um tempo, me procuraram de novo, dizendo que o Roberto Freire [líder do partido] estava em São Paulo e queria almoçar comigo. Enfim, a conversa andou. Estamos [PPS, PSDB e DEM, partidos que fazem oposição ao governo Lula] do mesmo lado do meridiano. Mas [nós do PPS] não somos PSDB, não somos DEM. Não iria jamais para nenhum dos dois partidos. Tenho um milhão de críticas ao PSDB, mas não tenho problema de estar ao lado deles em oposição ao Lula.

Aproximação com o Serra

Sendo totalmente PT e petista… Bom, nem todo mundo no PT é assim, mas eu era. Eu odiava o Serra… Fui mestre de cerimônia de um prêmio do Instituto Sérgio Motta e no fim da cerimônia estava no coquetel, cheio de tucanos. Ele passou por mim, sozinho, eu também estava sozinha, e falou “eu leio você”. Até eu entender as três palavras… O que significou para mim? Nossa, aquele cara arrogante, metido, veio falar comigo assim, super numa boa… Mas não reverteu a imagem que eu tinha. Cada vez [nos encontramos] menos. A gente tinha um contato super próximo no tempo da Prefeitura. Da Prefeitura até a Câmara são cinco minutos a pé. A gente conversava no fim de expediente. Agora é difícil, fisicamente também… Não dá para ir tomar um café no Palácio dos Bandeirantes, não tem a menor condição. Mas a gente continua amigo, sim.

Governo Kassab

No fim do ano [de 2008, após a vitória de Kassab] diziam que eu seria secretária da Cultura, mas nunca teve o menor sinal disso. O Kassab me ligou dizendo que queria tomar um café. Fui lá, por volta do dia 23 de dezembro, e ele falou que queria me convidar para ser subprefeita. Ele achava que eu tinha mostrado preparo na campanha, queria que eu fosse da Lapa porque a Luiza Eluf ia sair, voltar para o Ministério Público. Achei bem legal o modo como ele falou, dizendo que eu ia ser capaz, que iria aprender sobre a Prefeitura. Em janeiro respondi dizendo que queria, que seria difícil, mas que gosto de coisas difíceis. Ele falou que eu poderia montar a minha equipe a meu critério. Ele sabia perfeitamente que era o único jeito de trabalhar comigo.

Trabalho na Subprefeitura

Sou muito infeliz. Só não sou mais infeliz do que era na Câmara. Porque a gente tem toda a responsabilidade do mundo, responde por todas as coisas, por tudo o que acontece na sua região, e tem pouquíssimo poder. Você acorda todo dia para tomar porrada, o dia inteiro, abrir o computador, porrada. Na imprensa, no Conseg, no blog, no Twitter, todo dia, o dia inteiro, porrada. Já não estaria feliz de qualquer jeito, e ainda me xingam… É horrível. E, sou eu, fui candidata a prefeita, vereadora, trabalhei na MTV, na ESPN, escrevo na Folha de S. Paulo, sou amiga do Serra, saio pelada na revista. Que era uma bomba, eu imaginava, mas não que ia me deixar tão infeliz. O resultado é absolutamente insatisfatório para mim. Não consigo ficar feliz com o resultado.

Válvula de escape

Jogo Paciência Spider no iPhone. [risos] Faço meditação, mas tenho sido uma péssima meditadora, não consigo. Na meditação, penso mais em problema. Acabou a bateria, preciso ligar na tomada, fazer um retiro. Gordinho vai para um spa. Preciso fazer isso porque só a meditação não tá dando. Faço meditação de manhã e à noite. Em dez minutos, passo oito tentando voltar para a meditação. Também não consigo ir ao centro budista. Mas, de verdade, a última coisa que faço antes de dormir é jogar Paciência Spider e Sodoku. Tiro meus neurônios e eles vão todos ali, para qual número falta no quadradinho…

Edição: Karla Maria

A internet vira arma do PT nas eleições presidênciais

O responsável pela campanha vitoriosa de Barack Obama na Internet, aterrisa em terras tupiniquins. Um americano, Ben Self, um típico nerd, vai trabalhar para o Partido dos Trabalhadores na eleição do ano que vem. A informação foi confirmada em entrevista ao Portal Terra.

“Sim, estamos trabalhando com o partido”, afirmou Self ao ser questionado se ele teria sido contratado pelo PT.

Self e sua empresa, a Blue State Digital, são responsáveis pela revolução que a campanha do então candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos promoveu ao utilizar a Internet. Com as ações na web, foram arrecadados mais de US$ 500 milhões em doações, o que representa 66% de toda a arrecadação.

“Não existe um candidato que pense em lançar uma campanha sem usar a internet. É a marca de um candidato sério, bem como uma ferramenta importante. Sem ela, é como participar de uma batalha sem ter uma arma. Como você poderia fazer isso?”, afirmou.

Concordo que a internet seja um instrumento indispensável para propagação de ideias, uma democratização do acesso à informação (Olha eu aqui!!). Explica-se gora o empenho de Aloízio Mercadante, líder da bancada do PT no Senado, em liberar o uso da internet nas campanhas eleitorais de 2010. Ben, o nerd dos democratas agradece.

Abaixo você acompanha a entrevista que Ben Self deu ao Portal Terra

Você tem diploma do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e é, na realidade, um especialista em tecnologia. Como se envolveu com campanhas políticas?
O meu background é em ciência da computação e tenho diplomas de graduação e pós-graduação do MIT. Depois de me formar, trabalhei por muitos anos como especialista em tecnologia para bancos, seguradoras e grupos afins. Em 2003, me mudei para o Estado de Vermont para trabalhar na campanha presidencial de Howard Dean. Após isso, eu e três colegas fundamos a Blue State Digital, uma empresa especializada em tecnologia e política. Agora, somos uma empresa internacional com mais de 100 funcionários no mundo inteiro e servimos centenas de clientes.

Você acha que, atualmente, a internet é uma ferramenta fundamental para uma campanha eleitoral ter sucesso?
Não existe um candidato que pense em lançar uma campanha sem usar a internet. É a marca de um candidato sério, bem como uma ferramenta importante. Sem ela, é como participar de uma batalha sem ter uma arma. Como você poderia fazer isso? Portanto, acho que é importante que os candidatos usem a internet para que tenham uma campanha eficaz.

Você esteve em Brasília há duas semanas. Chegou a conversar com o presidente Lula?
Sim, estive em Brasília. Quanto a ter encontrado Lula, vou deixar que o partido dele fale sobre isso. Não me sinto à vontade para comentar sobre clientes ou clientes em potencial.

No momento, o Partido dos Trabalhadores é um cliente ou um cliente em potencial?
Estamos trabalhando com o partido agora a fim de ajudar a fazer planos para a próxima eleição presidencial.

Você foi contratado pelo PT?
Sim, estamos trabalhando com o partido.

Em nota divulgada nesta semana, o PT falou que você estava trabalhando com o publicitário João Santana e não com o partido. Isto é verdade?
Vou deixar que eles deem informações específicas sobre isso. Apenas vou dizer que estamos trabalhando com a estratégia da campanha em geral.

Você chegou a se encontrar com a candidata do PT à presidência, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff?
Não posso dar informações específicas. Para saber detalhes, é preciso falar com o partido.

Quando a campanha de Dilma Rousseff deve ter início na internet?
Não vou discutir a estratégia em geral. Não seria inteligente fazer isso neste momento.

No Brasil, as pessoas não têm tanto acesso a computadores quanto nos EUA. Uma campanha com base na internet seria ainda assim eficiente?
Claro que sim. Há milhões de pessoas no Brasil – acho que cerca de 60 milhões de pessoas – que têm acesso à internet. E quando você usa a internet, ela não é usada somente para convencer as pessoas, mas para incentivar quem apoia o candidato a ajudá-lo a ganhar a eleição. Mesmo se nem todas as pessoas têm acesso à internet, você pode usá-la para localizar seus simpatizantes que podem, então, falar com as pessoas que não têm acesso à internet. Tem mais a ver com engajar as pessoas do que com convencer as pessoas.

Você acha que será preciso que fique baseado no Brasil para conduzir a campanha ou pode fazer isso dos EUA?
Isso ainda tem de ser determinado. Eu certamente gostei da minha estada no Brasil e retornarei ao país em algumas semanas.

Você está empolgado com este novo trabalho no Brasil?
Certamente. Só de visitar o Brasil dá para notar que as pessoas estão entusiasmadas com a eleição que está por vir, são ativas na internet e estão animadas, pois os políticos podem usar a internet de modo mais eficiente. Acho que será uma grande oportunidade para o País.

Será preciso adaptar suas técnicas de campanha à realidade brasileira?
Trabalhamos com diversos países. Cada um tem tópicos diferentes que devem ser empregados. Mas os aspectos básicos, como desenvolver relacionamentos transparentes e verdadeiros com as pessoas, fazem parte da natureza humana. Eles são iguais em todos os lugares.

Você trabalharia na campanha de um partido de direita?
Provavelmente não. Não seria compatível com os princípios da nossa empresa.

Fontes: Tv Senado, Portal Terra, Comunique-se