Esse povo caminha, luta e grita

XI Romaria para o Grito dos Excluídos

Romeiros da Brasilândia: quem tem fé, vai a pé

 

 

 

9° Romaria a Pé
9° Romaria a Pé

“A Vida em primeiro lugar: direitos e participação popular”, este é o grito da Região Brasilândia, que mais uma vez promove a Romaria a Pé do Grito dos Excluídos. Esta é a 11° edição da romaria, que respondendo ao chamado de Cristo, caminha e luta junto com os pobres, contra todas as formas de exclusão e injustiças presentes na sociedade.

 

 

Com os pés fincados na existência e na dura realidade dos mais pobres, os cerca de 120 romeiros caminharão pelas ruas da região. A Romaria terá como ponto de partida, a Comunidade Deus Pai dos Humildes no dia 5 de setembro às 8h da manhã, passarão por comunidades e paróquias, rezando e cantando, gritando em defesa da vida, em defesa de todas as formas de vida.

No dia 6, já no centro de São Paulo, no Pátio do Colégio, assistirão a uma peça teatral: “Migrantes”; à tarde se encontrarão com dom Pedro Luiz Stringhini, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB. As atividades do dia serão encerradas na Casa de Oração do Povo de Rua.

 

No dia 7, Dia da Independência, os romeiros da Brasilândia se reúnem, a todos aqueles que não se calam diante das injustiças em nosso país, para juntos celebrarem a vida, com missa às 7h na Catedral da Sé e depois caminharem até o Monumento da Independência no Ipiranga, onde será realizado um ato público, dando um basta à desvalorização da vida, à falta de prioridades com os mais pobres, ao consumo desenfreado que vem matando a natureza.

 

 

 A Romaria a Pé e O Grito dos Excluídos, são momentos inspirados pelo próprio Cristo, que jamais abandonou os mais pobres e esquecidos, pelo contrário, esteve com eles e os amou infinitamente.

 

Romeiros se unem em São Paulo em busca de terra e justiça

Os pés descobrem os caminhos, as mãos levantam a bandeira da luta e os lábios entoam os cantos da justiça. Assim foi organizada a 10ª Romaria da Terra e das Águas do Estado de São Paulo, que aconteceu no domingo chuvoso, três de agosto. Com o tema: trabalhadores e trabalhadoras pela vida terra livre, água de todos, povo soberano, cerca de quatro mil pessoas se reuniram no Centro Pastoral Santa Fé, para iniciar a caminhada rumo à Comuna da Terra Irmã Alberta.

Dom Odilo Pedro Scherer, cardeal arcebispo de São Paulo esteve presente e falou sobre a importância da Romaria para a sociedade. “Chamar a atenção sobre a terra, a natureza, a água, para que, primeiro ela seja zelada e segundo, se mantenha na possibilidade de uso para todos e não seja concentrada em poucas mãos”.

A 10ª Romaria da Terra e das Águas organizada pela CPT – Comissão Pastoral da Terra, este ano ganhou a participação maciça da juventude, que decidiu juntar-se para a sua 14ª Romaria. Para Marcelo Henrique Naves, Coordenador da Pastoral da Juventude (PJ) da Arquidiocese de São Paulo a PJ se caracteriza por uma pastoral social, e por isso deve se unir às demais pastorais que lutam pela transformação da sociedade. “A luta pela terra, pelo espaço de uma vida digna reforça a nossa postura de pastoral social, essa é uma luta das pastorais sociais e a luta por terra contra o latifúndio”.

Para Éder Francisco da Silva, da comunidade Dom Luciano Mendes, grupo de jovens da CPT, “é a juventude em construção do projeto de Deus aqui na terra, uma juventude comprometida com Jesus Cristo, para partilhar suas experiências e caminhar junto com o pobre. Essa é a experiência que a PJ tem atuando com a CPT”.

Durante a caminhada encontramos também leigos, religiosos(as), bispos, padres, pais, mães e avós, trabalhadores rurais, urbanos e informais, desempregados, moradores em situação de rua, missionários de muitas partes do mundo, cristãos de várias denominações, certos de que a luta pela terra é uma luta de todos os que defendem uma vida digna e justa para os filhos de Deus, conforme afirmou o padre João Pedro Baresi, comboniano da Conferência dos Religiosos do Estado de SP:  “não há soluções pontuais, se não houver uma solução mais global, o modelo dessa sociedade é anti-democrático, marginaliza, é excludente… Então, se os oprimidos não se unirem, não se alcança a vitória”.

Assim que a Romaria tomou corpo, a Rodovia Anhanguera perdeu seu tom cinza ganhando alegria, calor humano, cor e som. “Isso aqui comove, emociona, é a união de esforços, tudo por um mesmo ideal, pela questão da defesa de direito a terra, a água, a vida“, revelou emocionada Sueli Camargo, uma das organizadoras da Romaria e membro da Pastoral do Menor e da Caritas de São Paulo.

Os romeiros tinham um destino: era a Comuna da Terra Irmã Alberta, que há seis anos espera pelo assentamento das 40 famílias que ali se encontram. O terreno da Comuna pertence à SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, que pretende fazer ali um lixão. Solidários com aquelas famílias, os movimentos e pastoras sociais, decidiram, caminhar até o acampamento em Romaria, para conscientizar a sociedade sobre o problema e exigir da SABESP e dos poderes públicos resposta e respeito aos anseios da sociedade.

“A Comuna Irmã Alberta foi uma conquista, lá estão acampadas diversas famílias. A maioria era povo de rua e hoje tem um pedaço de terra onde plantam e se sustentam. Nós queremos legalizar esse direito à terra e a Comuna é uma garantia de terra. A SABESP quer transformar isso em lixão, nós queremos transformar em vida”, reforça Sueli.

“A inspiração, a coragem e a vontade de lutar vêm do exemplo de Jesus Cristo”, afirma Andrelina, assessora da CPT. “Nossa vida é baseada na Bíblia, as primeiras pessoas que fizeram romaria foi Moisés e seu povo hebreu. Nós temos que seguir o exemplo daqueles que lutaram pela terra prometida”, disse.

Para chegar na Comuna, os romeiros tiveram de passar pelo barro, terra molhada já pisada, onde tudo que se planta gera vida. Ali se percebe o sentido da luta, resgata-se o sentido da origem da vida, da humanidade, onde todos são iguais e merecem vida digna.

Com sorriso largo e abraço apertado, os moradores da Comuna acolhem os romeiros com gratidão pela solidariedade. Sr. Abílio Pasqual, morador da comuna há 3 anos, fala da alegria de viver ali plantando feijão e milho, cultivando a sua horta: “para mim é uma satisfação muito grande receber essa multidão, a luta tá muito difícil por causa da SABESP, mas a gente ta lutando pra conseguir a terra”.

Para Cícero Pedro da Silva de 37 anos, vendedor que há 6 anos vive na Comuna, “a nossa finalidade é ver isso aqui cheio de casa, de moradores”, Cícero é casado, tem duas filhas pequenas que freqüentam a escola do acampamento, organizada pelo MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra.

Dom Tomás Balduíno, assessor Nacional da CPT, presente durante toda a caminhada, deixou seu testemunho: “Romaria é uma caminhada, mas não é um ponto de chegada. A caminhada é em vista de algo que está por acontecer, que se liga à proposta de Jesus com o Reino que precisa ser construído, não cai do céu pronto. A romaria enfoca a terra e as águas, os direitos dos trabalhadores, dos camponeses, numa sociedade em que isso é pisado, marginalizado, de maneira que é o momento de levantar a bandeira de luta, celebrar as vitórias e reivindicar aquilo que é justo reivindicar. A Romaria se encerra na longa caminhada do povo de Deus na conquista da terra prometida, hoje mais urgente do que nunca”.

Questionado sobre a Reforma Agrária no Brasil, dom Tomás afirmou: “ela é totalmente negativa por parte deste governo, é ilusório esperar que isso venha do Palácio do Planalto, mas do ponto de vista do povo, da sociedade organizada, sobretudo organizada pelas forças que vem da terra, tem Reforma Agrária sim! E já está acontecendo. O que tem de Reforma Agrária neste país é fruto desta luta”.

Um ato relembrando os mártires da caminhada, que lutaram pelo direito à terra e à vida, encerrou a Romaria.

Reforma Agrária, já!

10° Romaria da Terra: clamor por justiça

 

“Trabalhadores, Trabalhadoras! Terra Livre, Água de Todos e Povo Soberano!, com este tema a CPT – Comissão Pastoral da Terra, durante coletiva de imprensa, realizada dia 8 de julho na sede da CNBB em SP, apresentou os objetivos da 10° Romaria da Terra de São Paulo, que acontecerá dia 3 de agosto, saindo da Região Brasilândia com destino à Comuna Ir. Alberta.

 

A CPT convida a todos os cristãos, a participar desta manifestação em defesa da vida, da terra e de uma Reforma Agrária para este país, que segundo o INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária,  cerca de 3% do total de suas propriedades rurais, são latifúndios, possuem mais de mil hectares e ocupam 56,7% das terras agriculturáveis. A área ocupada pelos estados de São Paulo e Paraná juntos está nas mãos dos 300 maiores proprietários rurais, enquanto 4,8 milhões de famílias estão à espera de chão para plantar.

 

A Romaria é organizada por homens e mulheres, agentes de pastoral, Entidades Sociais, Movimentos Populares e Sindicatos que acreditam, que este contexto de exclusão no Brasil pode e deve mudar, através do cumprimento da Constituição Federal, que em seu artigo 5° estabelece: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito á vida, á liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.

 

Fazer a Reforma Agrária é questão urgente, afirma Luiz Andriollo, padre comboniano, que durante a coletiva lembrou a artigo 29 promovido pelos Bispos em Assembléia, da necessidade de promover justiça entre todos os filhos de Deus. A distribuição de terras improdutivas, que não exercem sua função social é garantida pela constituição, reforça padre Luiz.

 

Segundo a Constituição, artigo 186°, quando a propriedade: tem aproveitamento rural e adequado com seus recursos naturais disponíveis, respeita o meio ambiente; observa as disposições que regulam as relações de trabalho e ainda, a exploração da terra favorece o bem-estar de proprietários e trabalhadores, ela está cumprindo sua função social; quando a terra não obedece estas disposições, compete à União desapropria-la para fins de reforma agrária.

 

É, portanto, baseado neste documento, que rege a sociedade brasileira, que a CPT, o MST e os demais movimentos, clamam por justiça e convocam a todos para a 10° da Romaria da Terra em São Paulo.

 

Ir. Alberta, durante a coletiva fala da origem das

Comunas da Terra em São Paulo

 

Durante a coletiva, Ir. Maria Alberta Divarti, presidente emérita da CPT – Comissão Pastoral da Terra, revela que as comunas surgiram através do trabalho na pastoral de rua, no centro de São Paulo; diante da realidade dos moradores de rua, irmã Alberta “com grande alegria”, convidava os moradores a irem ocupar os assentamentos. Com o auxílio do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais.

 

Ir. Alberta fazia um trabalho de conscientização de direitos e deveres de cada um, recuperando a identidade de cada morador de rua como cidadão, questionando a necessidade de cobrar seus direitos, de se localizar no espaço público e identificar quem pode defendê-lo: “ele via que a única esperança vinha da Igreja”, afirma Ir. Alberta.

 

Os moradores que vinha das ruas do centro de São Paulo e suas famílias formaram os acampamentos; hoje ao redor de São Paulo há cinco assentamentos: Dom Tomás Baduíno, D. Pedro Casaldáglia, Ir. Alberta, Che Guevara, em  Limeira e Comuna Urbana de Jandira.

 

Os acampamentos são chamados de Comunas da Terra; nelas cria-se um novo projeto de trabalho de conscientização e de futuro, no qual, cada morador obtém o título de sua terra e fica impedido de vende – lá.

 

O primeiro acampamento foi o de Franco da Rocha, que neste mês de julho inaugurou 61 casas, construída em mutirão com pouco dinheiro, auxiliados pelos arquitetos da USP.  

A participação da juventude na Romaria

A Juventude do Estado de São Paulo, neste ano se une à Romaria da Terra, para somar forças e caminhar juntos com alegria, por uma vida digna e justa, para todos os jovens, homens e mulheres deste país, que é bonito demais.

 

Parte da carta da Pastoral da Juventude, convocando todos os jovens a Romaria, demonstra a missão de cada jovem batizado: “a exemplo dos discípulos missionários de Jesus, saímos de nossas casas cheios de esperança (Doc. Aparecida, 2007 – 21), tendo a certeza de que nosso batismo nos impulsiona a construção de uma realidade mais justa”.

XIV Romaria da Juventude Paulista

A Juventude do Estado de São Paulo, no próximo dia 03 de agosto, realizará sua XIV Romaria; com o tema Trabalhadores, Trabalhadoras! Pela Vida, Terra Livre, Água de Todos e Povo Soberano!”, a juventude se une à CPT – Comissão Pastoral da Terra, na luta por estes direitos já garantidos pela Constiuição Federal, porém, não cumpridos na prática.

A Romaria começará com uma grande concentração no Centro Pastoral Santa Fé, às 7h e de lá, junto ao Bispo da Região Brasilândia – Dom Simão, os jovens partirão com destino à Comuna Irmã Alberta, onde acontecerá um ato de comunhão com todos os romeiros e romeiras. 

E

stima-se que o percurso seja de 2 horas e reúna aproximadamente 10 mil pessoas. A organização da Romaria, pede para que todos os romeiros, em cuidado e respeito ao meio-ambiente, levem suas canecas, evitando o uso de copos descartáveis.

Então juventude, nosso encontro está marcado:

Data: 03 de agosto

Horário: às 7 da manhã

Local: Centro Pastoral Santa Fé

Via Anhanguera, s/nº – Km 25,5 – Cx. Postal: 46827 – Perus
CEP: 05276-000 – São Paulo/SP
Fones: (11) 3916-6200/3911-0191

Pessoal não esqueçam o boné, o protetor solar, a caneca para aliviar a sede e a alegria de caminhar e lutar juntos por uma vida digna e justa, para todos os jovens, homens e mulheres deste país, que é bonito demais!