‘Queria o bebê, a Vitória estava aqui, viva’

Texto: Karla Maria
Fotos: Luciney Martins

A jornalista gaúcha Joana Schmitz Croxato, descobriu aos 27 anos, em 2009, que estava grávida. A alegria, conta, foi imensa. O casamento com Marcelo Almeida Croxato, 30 anos, já chegava aos cinco anos e o sonho de aumentar a família era grande. “Ficamos muito felizes, porque já sonhávamos, esperávamos nossa filha e foi uma alegria saber que já tinha uma criança a caminho”, contou Joana ao O SÃO PAULO, em seu apartamento em Santo Amaro.

A notícia da gravidez…
A alegria do casal, a ansiedade a espera do bebê aumentou ao descobrirem o sexo, era menina, a pequena Vitória. Mais uma família crescia nesse imenso mundo, mais uma história comum, não fosse o diagnóstico inicial aos cinco meses de gestação, de acrania, uma anomalia fetal caracterizada pela ausência parcial ou total dos ossos do crânio. “Era uma situação tão difícil, em que você espera um bebê que a medicina diz que vai morrer. Então, a gente pensou: não importa, vamos esperar nossa filha em Cristo”. E assim, o nome da pequena se completou: Vitória de Cristo Schmitz Croxato. “Foi uma forma de esperança, a gente tinha fé, tínhamos esperança que algo diferente poderia acontecer, de que a medicina podia não prever tudo o que aconteceria”, disse a mãe, olhando para sua filha, nos braços do pai.

A notícia do diagnóstico veio junto com a do desemprego de Marcelo, gestor comercial, que negociou com a empresa e diante dos laudos médicos, conseguiu se manter no convênio médico. “Quando ele foi demitido, eles [empresa/convênio] já sabiam que eu estava com uma gestação mais delicada. Mandamos uma carta com os laudos da gestação e aprovaram em nos manter”, disse Joana.

Marcelo e Joana não tinham muita informação, até o diagnóstico, sobre o que era acrania, e depois, sobre anencefalia, e ainda que esta exista em diferentes graus, mas aos poucos foram se informando. “Recebemos bastante informação durante o diagnóstico, eles nos explicaram como seria a gestação e não davam muita informação sobre como o bebê poderia agir, o que poderia sentir”.

Para Marcelo, os nomes técnicos acrania, anencefalia por si só já geram preconceitos e a falta de informação leva a erros, segundo ele, como a decisão do Supremo Tribunal Federal.

Relação com os médicos…
“A minha obstetra foi muita isenta e a primeira médica que fez o diagnóstico, nos deixou muito à vontade, mas depois…”. O depois a que Joana se refere diz respeito aos especialistas em medicina fetal consultados. “Eles foram muito diretos e enfáticos em falar que o melhor era interromper a gravidez”, lembrou a mãe que preferiu não identificar os especialistas.

Marcelo lembrou que o médico disse que sua filha era incompatível com a vida e que o melhor seria antecipar o parto. “E não adianta vir com nome bonitinho, antecipação de parto aos 6 meses é aborto, porque você não dá a mínima possibilidade de a criança nascer, independentemente de quanto ela vai viver”.

Durante a gestação, Joana pesquisou e descobriu dois casos de bebês que nasceram com anencefalia e viveram mais de um ano, e mesmo os médicos desconheciam tais casos.

A decisão, o sim à vida de Vitória…
Joana disse que não teve decisão a ser tomada, a não ser a condição natural da mãe, de amar e cuidar do bebê. “Quando recebemos o diagnóstico não teve decisão, a gente queria o bebê. A Vitória estava aqui, viva, [disse colocando as mãos sobre o útero]. Eu estava bem, e a via se mexendo nos exames… A médica dizia que provavelmente o bebê ia morrer, mas eu dizia o bebê está vivo, então, a gente tem que dar a oportunidade a ela de viver”, disse a mãe. E a oportunidade foi dada.

Segundo médicos especialistas, em casos extremos, a mãe pode correr risco de morte, e precisa de acompanhamento. Joana teve um pré-natal normal, viveu uma gestação tranquila, sem dores ou sustos, disse ter buscado forças em sua fé e em Vitória para superar as dificuldades. “Comecei a perceber que ao viver a gestação e me envolver com a minha filha, eu já estava me tornando mãe, porque a mãe também vai sendo gerada com aquela criança, e pensei: talvez eu não possa cuidar da minha filha por muito tempo quando ela nascer, mas eu posso cuidar dela na gravidez”, revelou a jovem mãe.

O casal lembrou que algumas pessoas da família ficaram sem reação no início de todo o processo, mas que a atitude de esclarecer as dúvidas ajudou a todos a se unirem. “Todo mundo começou a apoiar e isso me dava muita força, as pessoas chamavam a Vitória pelo nome, davam presentinhos”.

Joana lembra com carinho do Chá de Bebê, feito aos 8 meses de gestação, por duas amigas. “Eu não sabia se fazia sentido me preparar para uma gravidez assim… mas eu dizia, tem um bebê aqui”. Marcelo recorda que tudo foi comprado com muito carinho e dedicação, que alguns os chamavam de loucos. “Ainda desempregado, compramos tudo, o último item foi uma escova de cabelo e para uma pessoa que ia nascer sem a parte do couro cabeludo”, lembra, acariciando a mexa castanho claro do cabelo de Vitória.

A chegada de Vitória…
O parto foi cesariana. Dia 13 de janeiro de 2010. “Fiquei muito angustiada no momento do parto, tinha medo que ela falecesse muito rápido e aí quando ouvi aquele chorinho me deu uma alegria, uma paz, foi uma coisa realmente de Deus, como se a minha missão tivesse sido cumprida”, contou emocionada, agora com Vitória nos braços, e em suas mãos, os dedinhos perfeitos e gorduchos de Vitória.

A pequena “guerreira”, como chama a mãe, nasceu com 38 centímetros e 1 quilo e 785 gramas, tamanho de um bebê prematuro. Ficou cinco meses internada na Unidade de Terapia Intensiva e diária e intensamente, recebia o cuidado dos pais, já que, segundo os médicos, a qualquer momento poderia falecer. “Ter a oportunidade de cuidar dela, naquele momento foi maravilhoso”, revelou Joana.

Com duas semanas de vida, pegou uma infecção grave, tinha dificuldades respiratórias. “Por 16 dias os médicos nem a examinavam, pareciam até esperar a morte, até que um dia uma médica examinou com mais atenção, pediu hemograma, e viu-se que ela estava com infecção e anemia, deram antibiótico, transfusão de sangue e ela ficou super bem”. Aos 2 meses, Vitória começou a mamar no seio da mãe, e aos 4 fez uma ressonância magnética que tentou descrever sua condição como anencefalia incompleta — presença de tronco cerebral, cerebelo e diencéfalo, porém ausência de parênquima cerebral (córtex) —, o que caracterizaria a anencefalia.

O julgamento do STF…
O Supremo Tribunal Federal aprovou em 12 de abril deste ano, a antecipação de parto de feto anencéfalo e sobre essa decisão, Joana escreveu em seu blog (amadavitoriadecristo.blogspot.com.br). “Minha tristeza com relação à decisão do STF foi a de perceber que a criança portadora de anencefalia foi totalmente desumanizada nesta decisão, e sua vida inferiorizada e desprezada devido à sua fragilidade e brevidade… É extremamente ofensivo e desrespeitoso referir-se como um caixão ambulante a uma mulher que decide amar e respeitar a vida do seu filho… tudo isso é uma experiência intensa de vida e jamais deveria ser tratado com tanto desprezo e ignorância jurídica e científica”.

Vitória ensina a mãe…
Joana passou seu primeiro Dia das Mães na UTI e no próximo domingo espera estar com Vitória saudável nos braços. “Sinto-me uma pessoa mais sensível, mais humana e mais forte, porque quando me sentia fraca e via minha filha mesmo com um problema tão sério e expectativa de vida tão baixa, e ela lutando, mostrando um desejo de viver”. Marcelo também registrou. “O que mais me encanta nela é quanto dedica e ama genuinamente nossa filha, por entender o valor da vida”.

A entrevista terminou, o gravador foi desligado, as fotos cessaram. Restou o exemplo da pequena “guerreira” e da luta da família pela Vitória, pelas pequenas coisas, por um dia de sol.

Publicado no O SÃO PAULO, edição 2900.

STF decide hoje, se lei Ficha Limpa é aplicável às eleições de 2010

O  Supremo Tribunal Federal apreciará hoje, 23/03, às 14h,  a aplicabilidade da  lei Ficha Limpa (135/2010) nas eleições de 2010.

“Trata-se do Recurso Extraordinário (RE) 633703, de relatoria do ministro Gilmar Mendes, ajuizado pela defesa do político Leonídio Henrique Correa Bouças (PMDB), contra decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que indeferiu o registro de sua candidatura ao cargo de deputado estadual, em razão de condenação por improbidade administrativa”, informa nota do STF.

No recurso extraordinário, a defesa de Leonídio alega que a Lei não poderia ter sido aplicada às eleições de 2010, em obediência ao princípio da anterioridade da lei eleitoral, previsto no artigo 16 da Constituição Federal. “Sustenta, ainda, que a decisão do TSE teria violado o preceito constitucional de que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória, entre outros dispositivos da Constituição”.

Essa decisão decidirá, portanto, se a lei Ficha Limpa é aplicável às eleições de 2010.  A TV Justiça (canal 53-UHF, em Brasí­lia; SKY, canal 117) e a Rádio Justiça (104.7 FM, em Brasília) transmitem os julgamentos ao vivo, às 14h, inclusive pela internet (veja como sintonizar a TV Justiça nos estados).

Confira abaixo manifetação do MCCE, que pede imediata aplicação da Lei.

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral – MCCE, rede de organizações sociais responsável pela conquista da Lei da Ficha Limpa, a propósito do reinício dos julgamentos no Supremo Tribunal Federal relativos à aplicação da Lei Complementar n. 135/2010, conhecida como a Lei da Ficha Limpa, vem a público emitir o seguinte pronunciamento:

1. A LC n. 135/2010, ao instituir hipóteses de inelegibilidade reclamadas pelo próprio texto constitucional (art. 14, par. 9º), não criou sanções de natureza criminal, mas condições para a candidatura com a observância dos dados que marcam objetivamente a trajetória dos candidatos. É da natureza das condições – e a Constituição a isso se refere ao usar a expressão “vida pregressa” – a sua verificação conforme a observação de dados pretéritos. Constitui, pois, equívoco estender às inelegibilidades as regras que no âmbito do Direito Penal impedem a aplicação retroativa das leis. A verificação da presença de uma condição de inelegibilidade nada tem a ver com retroatividade, que, nesta matéria, só ocorreria se houvessem sido alteradas condições que vigoraram em eleições anteriores.

2. A aplicação da Lei da Ficha Limpa às Eleições 2010, por outro lado, não viola o art. 16 da Constituição Federal, cujo teor se estende apenas à quebra da igualdade de participação nos pleitos eleitorais, servindo na verdade para evitar que as minorias parlamentares sejam surpreendidas com a reforma casuística da legislação eleitoral. Quando a norma constitucional fala em “lei que alterar o processo eleitoral”, faz ela menção a toda alteração legislativa capaz de surpreender a minoria, impedindo-a de mobilizar-se adequadamente para sujeitar-se às novas regras. No caso da LC n. 135/2010, isso não ocorreu. Trata-se de lei aprovada pela unanimidade do Congresso em atendimento a reclamo da sociedade brasileira, mobilizada contra a presença nos mandatos de pessoas objetivamente destituídas de qualificação para o seu exercício. A Lei da Ficha Limpa é, pois, plenamente aplicável às Eleições de 2010. A lei foi sancionada, por outro lado, antes mesmo da realização das convenções, em 4 de junho. Os partidos estavam conscientes das regras que a sociedade, por meio do Congresso Nacional, lhes impusera.
3. Havendo duas interpretações constitucionais plausíveis sobre um mesmo aspecto legal, não é de se esperar que o Supremo opte por aquele contrário à manifestação direta do soberano (o conjunto dos cidadãos) promovida sob a forma de iniciativa popular de projeto de lei.
Brasília, 22 de março de 2011.

Diretoria da Secretaria Executiva do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.

Diploma, emprego…emprego, diploma?

No Amazonas e em Belo Horizonte, os órgãos públicos contratam apenas jornalistas diplomados na área. No Rio Grande do Sul, a Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa aprovou o Projeto de Lei (239/2009), de autoria do deputado Sandro Boka (PMDB), que exige graduação específica para a atuação como jornalista em cargos públicos no estado. O projeto recebeu parecer favorável do deputado Fabiano Pereira e deverá ser votado em Assembleia na próxima semana. Projetos semelhantes tramitam em outras cidades e estados do país.

Diploma não será votado nesta quinta-feira

zenaldo coutinho
deputado Zenaldo Coutinho (PSDB)

A CCJ – Comissão de Constituição e Justiça não votou hoje, como informado anteriormente, a PEC “dos jornalistas”. Segundo informação do gabinete do deputado Paulo Pimenta. Seu colega na Câmara, Zenaldo  Coutinho (PSDB-PA) apresentou voto em separado contra a PEC dos Jornalistas, inviabilizando a votação.

Ainda segundo o gabinete do deputado petista, o único a veicular algum tipo de informação sobre o andamento da PEC até o momento, a justificativa de Coutinho esta alinhada à ANJ – Associação Nacional dos Jornais ANJ e com os grandes empresários da comunicação brasileira,” já que utiliza os mesmos argumentos das entidades patronais”.

“É estranho que aqueles que se dizem defensores da liberdade de expressão revelem na prática exatamente o inverso, manipulando e restringindo a discussão. Desde que se começou a cogitar a votação da PEC na CCJ, iniciaram, estrategicamente, movimentos para impedir a análise da Proposta, o que considero uma prática anti-democrática. ”, critica o deputado, que também é jornalista diplomado.

O deputado Paulo Pimenta informa ainda que, juntamente com o relator da PEC dos Jornalistas na CCJ, deputado Maurício Rands (PT-PE), com a líder da Frente Parlamentar em defesa do diploma na Câmara, deputada Rebeca Garcia (PP-AM), e o deputado Mauricio Quintella Lessa (PR-AL), será estabelecida uma prática de trabalho para colocar em votação, na próxima quarta-feira (4), a Proposta na Comissão.

Fonte: Gabinete do deputado Paulo Pimenta

PEC sobre diploma de jornalistas pode ser votada na próxima semana

diploma1A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania pode votar já na próxima quarta-feira (21) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 386/09, que restabelece a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista. O parecer do relator, deputado Maurício Rands (PT-PE), pela admissibilidade da PEC.

O deputado Maurício Quintela Lessa (PR-AL) pediu vista para aguardar o debate desta quinta-feira na comissão, em que foram ouvidos representantes das empresas do setor de comunicação, a FENAJ – Federação Nacional de Jornalistas e a OAB – Ordem dos advogados do Brasil.

Já são quatro meses da decisão do Supremo Tribunal Federal, que por oito votos a um, decidiu que o diploma universitário não é obrigatório para o exercício da profissão de jornalista. Segundo os ministros, a obrigatoriedade do diploma pode ferir a liberdade de expressão, um direito constitucional.

Colunas e artigos
Para o presidente da Fenaj, Sérgio Murillo de Andrade, a regulamentação da profissão não limita o acesso aos meios de comunicação. Segundo ele, todos os dias, 40% do espaço editorial dos jornais é escrito por pessoas que não são jornalistas, mas que emitem opinião por meio de colunas e artigos assinados.

“Quem continua decidindo quem tem espaço para expressão nos veículos são os empresários, são decisões políticas, e a gente sabe muito bem disso”, disse. Andrade citou a exclusão de políticos que são banidos de rádios e jornais locais, e questionou a decisão do Supremo. A formação superior seria um critério democrático para a entrada nos veículos de comunicação, enquanto a outra opção seria autocrática, ou seja, o dono de um jornal ou TV decide quem vai ou não ser jornalista. “A prática profissional, o jornalismo, deve ser exercido por quem se habilita na teoria, se apropria de técnicas específicas e de uma ética determinada”, defendeu.

A FENAJ apresentou alguns exemplos do que já está acontecendo. Um anúncio oferecia um curso de R$ 40 para quem quiser ser jornalista sem diploma, e um analfabeto conseguiu por decisão liminar o registro profissional da categoria.  Andrade disse que não é possível ver qualquer diferença nas últimas edições de grandes revistas, jornais e telejornais, que continuam contratando jornalistas técnicos formados por escolas de comunicação, mas no interior a realidade é diferente. “Se existe profissionalização no interior do Brasil, é porque havia uma lei, e a contribuição que as escolas deram no Brasil é enorme, principalmente ao moralizar essa atividade”, completou.

Liberdade de expressão
O representante da ABERT – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, Rodrigo Kaufmann, argumentou que não se trata de uma decisão apressada do Supremo, que fez considerações sobre cláusulas pétreas, e decidiu que uma lei não pode criar uma limitação para um direito fundamental, como a liberdade de expressão. “A liberdade irrestrita para o exercício de jornalismo, é a consolidação de um entendimento que se tem há alguns anos”, explicou.

O tribunal já havia argumentado na mesma linha em abril, segundo Kaufmann, quando decidiu revogar a Lei de Imprensa, que previa processos especiais para o direito de resposta, calúnias e difamações feitas pelos meios de comunicação.

Kaufmann admitiu que a maioria dos associados da entidade se coloca entre os que contratam jornalistas com diploma, mas que acima de tudo sejam profissionais preparados. No entanto, ele criticou a alteração da Constituição por meio da PEC, que classificou de “casuística”, e que certamente o assunto será levado novamente aos tribunais. “A Câmara deve saber que a aprovação dessa PEC deve levar ao Supremo mais uma vez essa questão”, alertou.

Fontes: Associação Brasileira dos Jornalistas, Agência Câmara

Paulo Pimenta pede audiência para discutir diploma de jornalismo

 
”A resposta da sociedade e as mobilizações que vêm ocorrendo em todo o Brasil demonstram o equívoco da decisão da Suprema Corte. O conceito de liberdade de expressão foi confundido, por isso queremos debater novas possibilidades para que se restabeleça a obrigatoriedade do diploma e a regulamentação da profissão de jornalista”, afirmou Pimenta.O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), autor de uma Proposta de Emenda à Constituição que pede a volta da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão, encaminhou um pedido de audiência com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes. Ainda não foi definida a data do encontro.

Pimenta também compõe a Frente Parlamentar que está sendo formada pela deputada Rececca Garcia (PP-AM).

Frente Parlamentar

Em prol da volta da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão, a deputada federal Rebecca Garcia (PP-AM) propôs a instalação de uma Frente Parlamentar para debater a questão. São necessárias 198 assinaturas e, até o momento, foram recolhidas cerca de 70. A expectativa é que a Frente comece a funcionar no início de agosto. Atualmente existem duas Propostas de Emenda à Constituição e um Projeto de Lei em tramitação no Congresso que abordam a questão do diploma. Rebecca explica que a Frente pode servir para acelerar o processo de aprovação, mas a principal função é manter o tema em evidência.

A iniciativa tem apoio do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), que, em audiência com deputados e representantes da sociedade civil no dia oito de julho, afirmou ser favorável a sua instalação e prometeu agilizar a tramitação da PEC dos jornalistas. Além disso, prometeu instalar uma comissão parlamentar para discutir a questão do diploma.

Fonte: Comunique-se

Estudantes de jornalismo e jornalistas farão protesto na Paulista

Protesto de estudantes e jornalistas segunda-feira (22/6), às 10h

Diretórios acadêmicos de várias faculdades de Jornalismo estão convocando estudantes e jornalistas para uma manifestação de protesto na Capital contra a decisão do STF, que extinguiu a obrigatoriedade do diploma universitário para exercício da profissão.

Será segunda-feira (22/6), às 10h, no Metrô Consolação (Av. Paulista, altura do nº 2163). Os organizadores sugerem vestir preto, trazer nariz de palhaço e uma colher de pau.

Sindicatos dos Jornalistas do Estado de São Paulo

STF suspende exigência do diploma para jornalistas

Por oito votos a um, o STF – Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional a exigência da graduação em jornalismo para o exercício da profissão, em votação do Recurso Extraordinário 511961, na última quarta-feira (17/06). 

Os ministros Gilmar Mendes, Carmen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello votaram contra a exigência, enquanto Marco Aurélio Mello votou a favor da obrigatoriedade do diploma.

O Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo e o Ministério Público Federal (MPF), se colocaram contra a obrigatoriedade do diploma, e a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), com o apoio da Advocacia Geral da União, sustentava a exigência.

Gilmar Mendes, relator do recurso, defendeu a autorregulação da imprensa. “São os próprios meios de comunicação que devem definir os seus controles”, afirmou.

Mesmo sem a exigência de diploma, os cursos de jornalismo devem continuar existindo, argumentou Mendes. “É inegável que a frequência a um curso superior pode dar uma formação sólida para o exercício cotidiano do jornalismo. Isso afasta a hipótese de que os cursos de jornalismo serão desnecessários”, avaliou.

O que você pensa sobre isso? Eu, como estudante de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo, uma tradicional e renomada faculdade de ensino, posso afirmar que a passagem pela academia é precípuo básico para quem quer ter uma bagagem cultural, histórica e humana para fomentar suas matérias, reportagens e poder de fato, contribuir com o crescimento da democracia participativa e a fiscalização dos poderes no Estado.

Como fica a regulamentação do trabalho jornalístico? Vamos ver o reflexo e repercussões desta decisão, a meu ver precipitada…

Para a Federação Nacional dos Jornalistas, a decisão é um retrocesso institucional e acentua um vergonhoso atrelamento das recentes posições do STF aos interesses da elite brasileira e, neste caso em especial, ao baronato que controla os meios de comunicação do país. A sanha desregulamentadora que tem pontuado as manifestações dos ministros da mais alta corte do país consolida o cenário dos sonhos das empresas de mídia e ameaça as bases da própria democracia brasileira. Ao contrário do que querem fazer crer, a desregulamentação total das atividades de imprensa no Brasil não atende aos princípios da liberdade de expressão e de imprensa consignados na Constituição brasileira nem aos interesses da sociedade.

 A desregulamentação da profissão de jornalista é, na verdade, uma ameaça a esses princípios e, inequivocamente, uma ameaça a outras profissões regulamentadas que poderão passar pelo mesmo ataque, agora perpetrado contra os jornalistas.

O voto do STF humilha a memória de gerações de jornalistas profissionais e, irresponsavelmente, revoga uma conquista social de mais de 40 anos. Em sua lamentável manifestação, Gilmar Mendes defende transferir exclusivamente aos patrões a condição de definir critérios de acesso à profissão. Desrespeitosamente, joga por terra a tradição ocidental que consolidou a formação de profissionais que prestam relevantes serviços sociais por meio de um curso superior.

O presidente-relator e os demais magistrados, de modo geral, demonstraram não ter conhecimento suficiente para tomar decisão de tamanha repercussão social. Sem saber o que é o jornalismo, mais uma vez – como fizeram no julgamento da Lei de Imprensa – confundiram liberdade de expressão e de imprensa e direito de opinião com o exercício de uma atividade profissional especializada, que exige sólidos conhecimentos teóricos e técnicos, além de formação humana e ética.

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), como entidade de representação máxima dos jornalistas brasileiros, esclarece que a decisão do STF eliminou a exigência do diploma para o acesso à profissão, mas que permanecem inalterados os demais dispositivos da regulamentação da profissão. Dessa forma, o registro profissional continua sendo condição de acesso à profissão e o Ministério do Trabalho e Emprego deve seguir registrando os jornalistas, diplomados ou não.

Igualmente, a FENAJ esclarece que a profissão de jornalista está consolidada não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. No caso brasileiro, a categoria mantém suas conquistas históricas, como os pisos salariais, a jornada diferenciada de cinco horas e a criação dos cursos superiores de jornalismo. Em que pese o duro golpe na educação superior, os cursos de jornalismo vão seguir capacitando os futuros profissionais e, certamente, continuarão a ser a porta de entrada na profissão para a grande maioria dos jovens brasileiros que sonham em se tornar jornalistas.

A FENAJ assume o compromisso público de seguir lutando em defesa da regulamentação da profissão e da qualificação do jornalismo. Assegura a todos os jornalistas em atuação no Brasil que tomará todas as medidas possíveis para rechaçar os ataques e iniciativas de desqualificar a profissão, impor a precarização das relações de trabalho e ampliar o arrocho salarial existente.

Neste momento crítico, a FENAJ conclama toda a categoria a mobilizar-se em torno dos Sindicatos. Somente a nossa organização coletiva, dentro das entidades sindicais, pode fazer frente a ofensiva do patronato e seus aliados contra o jornalismo e os jornalistas. Também conclama os demais segmentos profissionais e toda a sociedade, em especial os estudantes de jornalismo, que intensifiquem o apoio e a participação na luta pela valorização da profissão de jornalista.

Somos 80 mil jornalistas brasileiros. Milhares de profissionais que, somente através da formação, da regulamentação, da valorização do seu trabalho, conseguirão garantir dignidade para sua profissão e qualidade, interesse público, responsabilidade e ética para o jornalismo.

Para o bem do jornalismo e da democracia, vamos reagir a mais este golpe!

Brasília, 18 de junho de 2009.

Diretoria da Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ