Ontem, pela 1° vez fui a uma sala de cinema, em um shopping projetado por gaúchos, situado em um bairro cheio de italianos, para assistir a história de uma francesa…esta é minha São Paulo.
Assisti o filme Coco antes de Chanel, dirigido por Anne Fontaine. 110 minutos de uma fotografia belíssima, que encanta pelas paisagens e pela história, desta mulher, que revolucionou o modo das mulheres se vestirem no século 20, falo de Gabrielle Coco Chanel.
Órfã de pai e mãe, criada em um internato no coração da França, Coco escreve sua história com linha, agulha e perfeição, silêncio e leituras… De um bordel às luzes de Paris. O olhar de Coco, desde os 10 anos, acompanha as mulheres, suas roupas e comportamentos. Observa atentamente os hábitos das freiras, os babados e decotes das prostitutas, as calças e colarinhos dos homens que a cortejavam, até decidir vesti-las para facilitar a montaria.
Coco causa polêmica, ao montar cavalos, ao usar calças, ao preferir a simplicidade e elegância à efervescência dos tecidos, decotes e frufus da época. Contrariando a “normalidade” e o machismo da época (será apenas da época?), Coco seduzia os homens por sua singularidade e mistério.
Recusa-se a casar, não acredita no amor, tão pouco no príncipe encantado, gosta sim de fazer amor.
Mas como toda (ou quase toda) mulher acaba se apaixonando e vive “perfeitos dias e perfeitas noites” como a amante. Apaixona-se sobretudo, pelo trabalho e começa a fazer sucesso e fama que perdura até hoje.
Belíssima história, belíssimo filme.
Como não podia deixar de tocar no assunto que está latente na mídia, volto à Geisy Arruda, a famosa estudante de turismo. Depois de ver o quanto Coco destoava daquele cenário, de como suas ideias eram distintas das demais mulheres, penso que, com relação ao julgamento que ambas receberam, graças às suas roupas, as histórias se assemelham…
A moça de vestido rosa contrariou a normalidade de uma instituição limitada, no que diz respeito à educação universal, fechada ao diálogo e à reflexão (basta acompanhar o ranking das universidades do Brasil). Geisy seduziu os alunos da faculdade (sempre prontos) e tocou em uma ferida histórica que perpassa os séculos da humanidade: o machismo.