Guadalupe na porta, malas por fechar e pesar

Picture 348Último dia no Arizona. Estou sentada num banquinho, debaixo de uma árvore, esperando o ônibus, enquanto os carros passam. É domigo, Dia das Mães, dia de almoço, abraço e beijo…
Não sou mãe, ainda, e espero ser de um jeito ou de outro em um amanhã. Mas não me faltaram abraços, não me faltaram carinhos neste dia.
Mensagens no telefone dizem “I am going miss you, you are special, be happy”, letras que marcam a despedida, encerram esse capítulo que foi bem confuso, difícil e surpreendente também.
Pequenos momentos me marcaram: o primeiro dia de aula, naquela sala cheia de história e cultura; conhecer e brincar na neve como criança; andar nas ruas de Tucson com minha família americana, celebrar a Paixão e Páscoa com eles; sentir o cheirinho do Oriente em uma cozinha palestina.
Nestes tempos de intercâmbio, fui além do inglês, acho que além de mim. Conheci o meu limite e gostei. Vi que o mundo é pequenininho, cabe numa conversa, assim debaixo da árvore, num café aguado, agora no ônibus com o motorista, que elogia o inglês desta estrangeira. Sim, o ônibus chegou.
Neste período falei do Brasil, quase todos os dias por aqui, foi outro ponto interessante… o Pelé? sim, mas ia além, porque nós somos mais.
Aqui também vi a guerra de perto, no olho dos amigos vindos da Síria, da Palestina, da Somália, do Iraque…; vi o sonho trazido pelo deserto com os mexicanos e a pobreza estabelecida aqui com os americanos.
Tanta coisa, tanta gente, tanta história, tanta, tanta, tanta…  Chegando em casa, sol forte, Guadalupe na porta, malas por fechar e pesar.
Ela, a mala volta mais pesada sim, a cabeça mais aberta, os olhos mais atentos e o coração, a esse  coração volta na mão…

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